Saúde. “É preciso um consenso nas grandes mudanças que têm  de ser feitas no SNS”

Saúde. “É preciso um consenso nas grandes mudanças que têm de ser feitas no SNS”


Objetivo é analisar evolução do SNS e apresentar soluções para ajudar a identificar o que precisa de ser “urgentemente” melhorado.


A evolução do Serviço Nacional de Saúde (SNS) será, durante os próximos dez anos, a grande prioridade da Convenção Nacional de Saúde, plataforma que organiza o maior debate nacional permanente sobre o presente e o futuro da saúde. A revelação foi feita por Eurico Castro Alves, presidente da comissão organizadora desta iniciativa – que vai decorrer até amanhã, em Lisboa.

“Nós sabemos que há um problema de subfinanciamento no SNS, que há um problema de reestruturação e de reorganização que têm de ser resolvidos rapidamente e, portanto, queremos encontrar pontos de consenso que levem a que todos estejam de acordo nas grandes mudanças que têm de ser feitas para o futuro do Serviço Nacional de Saúde e para o sistema de saúde português”, revelou Eurico Castro Alves, à Lusa.

 

Como funcionará o acompanhamento?

Segundo o responsável, a resposta é simples: vai ser desenvolvido um sistema que permita incluir “dezenas ou centenas de indicadores” que ajudem a analisar a evolução do SNS. Depois a ideia é “produzir um relatório anual” com o ponto de situação, onde serão apresentadas as melhorias verificadas no setor da saúde e indicados os pontos que ficaram “por melhorar”.

A Convenção Nacional de Saúde pretende assim “dar um contributo” que permita “ajudar a identificar o que precisa urgentemente de ser melhorado”.

Aos olhos do responsável, “o setor público é essencial, imprescindível à prestação dos cuidados de saúde dos portugueses”, mas também o “setor privado e setor social têm, cada vez mais, um papel igualmente importantíssimo” e, portanto, é preciso haver um complemento entre estes setores para que “o serviço possa ser muito melhor em termos de acesso e qualidade”.

Por essa razão, diz, devem ser encontrados “pontos de acordo”. São esses pontos que vão permitir ao Governo adotar medidas e soluções que vão ajudar a melhorar o setor da saúde, adiantou Eurico Castro Alves, deixando a garantia de que o princípio da complementaridade será destacado pela Convenção durante os próximos dez anos.

A Convenção Nacional de Saúde nasceu no ano passado e envolve todos os parceiros do setor: profissionais de saúde, parceiros públicos, privados e da área social, associações de doentes, responsáveis políticos, imprensa, centros de investigação e universidades. O objetivo é criar um grupo de reflexão que ajude a melhorar o setor.

 

Mais de mil médicos sem acesso a especialidade

Os problemas na saúde não se ficam apenas pelo SNS. Soube-se ontem que mais de mil médicos vão ficar sem acesso à especialidade este ano. A estimativa foi feita pela Associação de Médicos pela Formação Especializada.

“Infelizmente, e apesar da gravidade da situação, o Ministério da Saúde tem demonstrado um preocupante desinteresse”, disse Constança Carvalho, presidente da associação, à Lusa.

A responsável demonstrou estar preocupada com “o número crescente de médicos que ficam sem acesso à especialidade” e com a falta de respostas por parte do Ministério da Saúde.

Esta falta de resposta vai provocar “mais de 4.000 médicos sem especialidade até 2021”. Um cenário que, a associação classifica como “insustentável”, uma vez que “este cenário acrónico” terá um “impacto negativo na qualidade dos serviços de saúde e na saúde dos utentes do SNS”.