Mundial de sub-20. Se não era a final mais improvável, andava muito perto…

Mundial de sub-20. Se não era a final mais improvável, andava muito perto…


Ucrânia e Coreia do Sul (essa mesmo, que perdeu com Portugal) disputam este sábado a final.


Teóricos do jogo, antigos atletas, treinadores, especialistas ou meros comentadores de bancada, café, taberna ou rede social: será muito – mas mesmo muito – difícil encontrar uma mão cheia de indivíduos que, nas vésperas de arrancar o Mundial de sub-20, arriscassem antever uma final a opor Ucrânia e Coreia do Sul.

E, no entanto, foi isso que aconteceu – ou não fosse essa a beleza do desporto, e não fosse o futebol o desporto-rei. A Coreia do Sul, a mesma seleção que abriu a participação na prova com uma derrota contra Portugal (ainda que, é necessário lembrá-lo, com uma exibição a indiciar bem mais qualidades do que o 0-1 no marcador deixava perceber), partiu depois para uma prestação assombrosa: vitórias sobre África do Sul (1-0) e Argentina (2-1) na fase de grupos, Japão nos oitavos-de-final (1-0), Senegal nos quartos, no que foi provavelmente o jogo mais entusiasmante da competição (2-2 no fim dos 90 minutos, com golo coreano aos 90’+8’; 3-3 no fim do prolongamento, com golo senegalês aos 120’+1’; e 3-2 para a Coreia no desempate por grandes penalidades), e finalmente o Equador do sportinguista Gonzalo Plata nas meias-finais, por 1-0.

O tento decisivo frente ao conjunto sul-americano surgiu aos 39 minutos, apontado pelo defesa Choi Jun após livre cobrado por Kangin Lee, a estrela da companhia – produto das escolas do Valência, fez esta temporada, com 18 anos, 11 jogos pela equipa principal dos ché, somando já uma internacionalização A pelo seu país.

Na final, que se jogará a partir das 17 horas deste sábado em Lodz, Polónia, os comandados de Chung Jung-Yong enfrentarão a Ucrânia e Coreia do Sul, num confronto de seleções com uma convocatória rica em jovens futebolistas ainda a atuar nos seus países – só quatro sul-coreanos já saíram para o estrangeiro, enquanto do lado ucraniano apenas três atletas o fizeram.

Pé ante pé, a Ucrânia lá foi levando também a água ao seu moinho. O percurso, de resto, é absolutamente irrepreensível: cinco vitórias e apenas um empate, na última jornada da fase de grupos e já com o apuramento garantido (1-1 com a Nigéria). Começou com triunfos sobre Estados Unidos (2-1) e Catar (1-0), orientado pelo português Bruno Pinheiro, e na fase a eliminar superou Panamá (4-1), Colômbia (1-0) e Itália (também 1-0).

O triunfo frente aos italianos, todavia, acabaria envolto em polémica. Serhiy Buletsa colocou a Ucrânia em vantagem aos 65’, com Popov, central goleador (três golos em seis jogos) a ser expulso à entrada para os últimos dez minutos. Aos 90’+3’, a seleção italiana – com muitos dos elementos que perderam a final do último Europeu de sub-19 contra Portugal – celebrou o empate, apontado por Samacca, mas o tento viria a ser anulado pelo árbitro, o brasileiro Raphael Claus, que após consultar o VAR vislumbrou uma falta do avançado italiano.

Vem aí, assim, uma final inédita na competição, sendo esta a melhor participação de sempre de ambas as seleções: a Coreia do Sul tinha como melhor registo o quarto lugar alcançado em 1983, enquanto a Ucrânia nunca havia conseguido passar dos oitavos-de-final, onde chegou em 2001, 2005 e 2015. O jogo que definirá o terceiro e quarto lugares joga-se já esta sexta-feira, a partir das 19h30, entre Itália e Equador, com o jovem sportinguista Plata a perseguir manter o estatuto de totalista na prova: cumpriu todos os minutos de todos os seis jogos até ao momento, apontando dois golos.

Nessa contabilidade específica, refira-se, será virtualmente impossível que alguém apanhe Erling Haaland, o norueguês que apontou nove golos num só jogo (triunfo por 12-0 sobre as Honduras, na fase de grupos), estabelecendo um recorde na prova. Danylo Sikan, da Ucrânia, e Andrea Pinamonti, da Itália, são quem mais se aproxima, com… quatro.