Há muito tempo que quem me conhece me ouve dizer que a minha equação política só tem três variáveis (dependentes). Para mim, a política tem de ser executiva, tem de ser autárquica e tem de ser em Cascais.
Política executiva porque só ela permite a realização de ações transformadoras com impacto positivo no maior número, ao longo de gerações.
Política autárquica porque só dessa forma as tais ações e princípios se traduzem em ganhos concretos para as pessoas no curto prazo.
Autárquica e em Cascais porque só neste concelho estou em casa, e só nele sinto o apelo de trabalhar para algo muito maior e muito mais importante do que qualquer um de nós.
Uma das leis intemporais da política, qualquer que seja o patamar de intervenção, é que nunca se agradará a todos. Por cada decisão tomada, por cada obra concluída ou por cada objetivo cumprido, há sempre quem diga mal. E se muitas vezes o descontentamento é genuíno e a crítica legítima, noutras, o desconcerto é uma mera vocalização da politiquice e da inveja que tantas e tantas vezes tentam bloquear o desenvolvimento do país e das suas regiões.
Qualquer político que queira deixar uma marca positiva na comunidade tem de ter a humildade de aprender com o primeiro e a coragem de ignorar e combater o segundo.
Estou presidente da Câmara Municipal de Cascais há oito anos e servir os meus concidadãos tem sido o maior privilégio da minha vida.
Na semana em que o município celebra os seus 655 anos de existência, os cascalenses acreditam que Cascais está hoje melhor do que há um ano. E confiam que em 2020 estará melhor do que hoje. Esse otimismo dos cascalenses é fundado. São vários, e extraordinariamente importantes, os projetos em curso que vão continuar a alimentar o ciclo de desenvolvimento sem precedentes que este concelho tem conhecido, esbatendo assimetrias e criando mais oportunidades para todos.
Começando pela zona de maior convergência do concelho, São Domingos de Rana. Foi para esta freguesia, uma das maiores do país, que a TAP concretizou um investimento de dezenas de milhões de euros no Aeroporto de Cascais. É lá que, desde o início do mês, está a funcionar o primeiro de dois simuladores A320 de última geração. Tires já era um dos principais centros de treino e formação de pilotos em Portugal. Com a chegada da TAP, que ali formará continuamente os seus profissionais, Tires assume-se claramente como a academia de aviação de referência no país.
Mas os investimentos no Aeroporto de Cascais não começam nem acabam com a transportadora nacional – com quem, diga-se, a Câmara Municipal estabeleceu uma profícua parceria estratégica de longo alcance.
Cascais tem como ambição concentrar toda a aviação executiva que tem a região de Lisboa como destino. E quer fazê-lo até 2021. Com a saturação do Aeroporto Humberto Delgado, há uma janela de oportunidade para fazer de Tires o principal hub de voos executivos, reforçando uma cadeia de valor muito importante para o concelho.
Mais a sul, o eixo Carcavelos-Parede, que conheceu um boom de atratividade com a abertura do campus da Nova SBE, continua a transformar-se numa cidade do conhecimento à escala internacional. Está para muito breve a consolidação de mais oferta universitária (mais universidades e mais cursos) para Carcavelos – e não só. O aumento de oferta universitária coloca uma nova exigência do ponto de vista do planeamento urbano – razão pela qual é nesta área que estão a ser testadas algumas das mais modernas iniciativas no âmbito da mobilidade (como o veículo autónomo) e vai ser aumentada drasticamente a oferta pública de saúde, com a nova Unidade de Saúde Familiar de Carcavelos ou a nova Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, a instalar na Parede.
Ontem mesmo, na presença do ministro da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor, Cascais firmou um acordo com o Colab+Atlantic, um laboratório colaborativo com uma agenda de I&D orientada para a criação de emprego qualificado e valor económico e social. Mais um passo na consolidação da nossa estratégia de exploração do Atlântico e do avanço de uma verdadeira economia azul.
Cascais gosta de se afirmar como um território-laboratório. Gostamos de ir à frente e de apontar caminhos. Sabemos que isso acarreta riscos. Mas entre correr riscos (e, eventualmente, cometer erros) tentando melhorar a vida das pessoas, ou gerir a conjuntura (e evitar o ruído) à espera que o vento sopre os problemas, preferimos sempre estar do lado do risco de liderar.
Essa é a filosofia que nos guiou até aqui. Até ao ponto em que Cascais é um concelho líder na qualidade de vida. Aos 655 anos, está melhor do que nunca. O meu compromisso: que nunca pare de melhorar.
Escreve à quarta-feira