Crescem as pressões para que o PS retire a confiança política a Miguel Costa Gomes, presidente da câmara de Barcelos. O autarca, que está em prisão domiciliária há quase duas semanas, quer gerir o município por Skype e o seu advogado já garantiu que vai “cumprir o mandato até ao fim”. O presidente da distrital de Braga, Joaquim Barreto, prefere não comentar o caso.
A polémica está instalada e várias vozes surgiram a exigir que o PS retire a “confiança política” ao autarca. Miguel Costa Gomes, presidente da Câmara Municipal de Barcelos, encontra-se em prisão domiciliária a aguardar julgamento, após ter sido constituído arguido no caso Operação Teia. O autarca socialista, suspeito de corrupção passiva e de um crime de prevaricação, diz-se inocente. A ideia é continuar a desempenhar o cargo por videoconferência, através do Skype, apesar de ter sido proibido de contactar com funcionários da câmara.
“Mais uma machadada na credibilidade dos autarcas”, afirma António Capucho, ex-presidente da câmara de Cascais, num comentário nas redes sociais. O antigo secretário-geral do PSD critica severamente o facto do presidente da autarquia não se ter demitido e de continuar “a receber o salário, embora não possa presidir às reuniões camarárias, participar nas sessões da Assembleia, despachar com os colegas e funcionários, representar o município em reuniões externas, ir à Assembleia Municipal ou representar a autarquia em qualquer cerimónia oficial”.
Luís Marques Mendes também considerou, do ponto de vista político, que toda esta situação é “uma vergonha para o município de Barcelos e um desprestígio para a política”.
Para o comentador, o autarca de Barcelos devia apresentar a demissão, porque “recebe o ordenado ao final do mês mas não pode exercer a função. Isto é uma vergonha”. Se não o fizer, Marques Mendes considera que “o PS devia retirar-lhe a confiança política”.
António Capucho aponta no mesmo sentido. “Impunha-se ao PS retirar a confiança política ao presidente da câmara caso este não repense a situação”, afirmou.
A distrital de Braga não se pronunciou, até agora, sobre o caso do autarca de Barcelos. Joaquim Barreto, presidente da distrital socialista, disse, ontem, ao i que não se pronuncia sobre o caso até haver uma resposta por parte da Justiça, “por respeito aos tribunais e por quem está a ser investigado”.
Reuniões suspensas Miguel Costa Gomes já teve de adiar a reunião do executivo que estava marcada para a passada sexta-feira. Contudo, o advogado do autarca, Nuno Cerejeira Namora, pediu a clarificação sobre o contacto que o presidente pode ter ou não com os funcionários da autarquia ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto. Até a Justiça se pronunciar sobre a medida de coação aplicada, o que deverá ocorrer esta semana, todas as reuniões do executivo ficam suspensas. Costa Gomes irá receber em casa todos os documentos a assinar por alguém sem vínculos à câmara.
Contudo, o representante legal do presidente garante que o seu cliente “irá cumprir até ao fim [o mandato] e nunca seria o Ministério Público a fazê-lo trair a vontade popular”.
Joaquim Couto, presidente da câmara de Santo Tirso, é o outro socialista ‘apanhado’ na Operação Teia, uma investigação conduzida pela Polícia Judiciária. Ao contrário de Costa Gomes, o autarca renunciou ao mandato e a todos os cargos que desempenha no PS.