Mbappé. O menino dos pés de oiro passou a ter pés de barro

Mbappé. O menino dos pés de oiro passou a ter pés de barro


A derrota na Turquia (0-2) na qualificação para o Euro-2020 caiu como um raio sobre as costas do avançado do PSG. 


A imprensa francesa entrou em estado de choque após a derrota no  Konya Büyükşehir Belediye Stadium, que para facilitar todos resumem a Turku Arena, em Istambul, frente à Turquia, por 0-2. Campeã do Mundo em título, a França chegou ao cúmulo do ridículo ofensivo de não ter feito, segundo os profissionais da estatística, um único remate à baliza durante os 90 minutos, algo que, mais tarde, nos debates que se sucederam, alguém alertou não acontecer há mais de dez anos.

É evidente que este tipo de contabilidades só serve para entretenimento. Ainda por cima quando o Europeu de 2020 vive um momento de inacreditável desinteresse numa fase de apuramento que só por verdadeiro milagre não conduzirá as grandes selecções da Europa à fase decisiva, aliás como sempre foi a intenção da UEFA e do seu presidente. Se dermos uma olhada aos jogos que hoje se disputam, por exemplo, tropeçamos num Bulgária-Kosovo, num Dinamarca-Geórgia, num Irlanda-Gibraltar, num Ucrânia-Luxemburgo e num Sérvia-Lituânia (grupo de Portugal), num Ilhas Feroé-Noruega e num Albânia-Moldávia, todos eles capazes de nos fazerem comichões no sangue e provocarem borborigmos do duodeno, com o devido respeito para os briosos rapazes que irão dar o seu melhor por todos os cantos do continente.

Voltemos à França, que defronta amanhã Andorra em casa, algo que parece cair como sopa no mel depois da desilusão do Bósforo. Claro que, instalados num Grupo H com Turquia, Islândia, Albânia, Moldávia e Andorra, os gauleses não vêem a qualificação em risco de forma alguma. Para já, com duas vitórias e uma derrota, apenas atrás da Turquia que, até agora fez o pleno, a equipa de Deschamps está, como se costuma dizer, de cavalinho. Mas, há a questão da exigência e, ao campeão do mundo, a exigência é igual a obrigatoriedade.

Mbappé voltou a ser o mais criticado dos jogadores azuis e a questão multiplicou-se: “Pourquoi Mbappé est méconnaissable?”

A verdade é que o avançado do PSG tem estado no centro do furacão jornalístico, até porque o seu final de época no clube também ficou muito abaixo das expectativas. Para quem era tido como o futuro melhor jogador do mundo do futuro, o seu presente é questionado a torto e a direito. O jovem avançado que veio do Mónaco por cerca de 180 milhões de euros parece atravessar uma fase de desencanto e as mais recentes reclamações sobre o seu salário, que deseja ver equiparado ao do brasileiro Neymar, não ajuda a manter os níveis de popularidade com que saíu do MUndial da Rússia há um ano. Vale-lhe, neste caso, que, por seu lado, a popularidade do seu colega de equipa está, de novo, nas ruas da amargura, tanto pelo caso em que foi acusado de violação como por causa da nova grave lesão que contraiu ao serviço da selecção brasileira que prepara a Copa América e que tudo indica o deixará longe dos relvados durante três ou quatro meses, logo ele que passou metade da época no estaleiro. Pode dizer-se que, em França, há motivos para encher jornais. Ainda por cima à custa de grandes estrelas.