Cinco anos sem canal de YouTube, Espanha Maio de 2019
Dar uma bolacha a um sem-abrigo que possivelmente passa fome é um ato de bondade e muito bem-visto por quem presencia o momento. Não fosse esta mesma bolacha ter pasta de dentes em vez de recheio. O ato, cometido pelo youtuber KR em 2017, foi filmado e publicado na sua conta de YouTube. Agora foi condenado pelo crime: um tribunal de Barcelona condenou o youtuber de origem chinesa a uma pena de prisão de um ano e três meses. Apesar de ter dito em tribunal que tudo não tinha passado de uma brincadeira, KR foi ainda condenado a encerrar o seu canal por um período de cinco anos, bem como a pagar uma indemnização de 20 mil euros à vítima. Nos últimos meses, o canal, que conta com mais de 225 mil seguidores, tem perdido milhares.
Saudação nazi, Escócia março de 2018
Mark Meechan filmou o seu cão a fazer a saudação nazi e a reagir à expressão “matar judeus com gás”. Em março de 2018, um tribunal escocês considerou que Meechan tinha cometido um crime de ódio e obrigou-o a pagar uma multa de 800 libras (cerca de 900 euros). Durante o julgamento, a defesa de Meechan descreveu o homem como sendo uma pessoa “tolerante e liberal”. Os advogados alegaram ainda que o seu cliente estava inocente e que as imagens foram partilhadas naquela plataforma apenas por piada. Para o youtuber, a condenação levanta questões relacionadas com a liberdade de expressão e abre “um precedente perigoso”. Mark Meechan tem mais de 500 mil seguidores e quase 56 milhões de visualizações no seu canal.
O pesadelo dos vizinhos, Brasil setembro de 2018
O brasileiro Gabriel Wolff usou o seu canal no YouTube para divulgar vídeos em que aparece a provocar os vizinhos de cima – duas mulheres de 67 e 90 anos e um homem de 67 anos. “[Os idosos] foram expostos a situações de risco e vulnerabilidade, ao sofrerem intensa violência psicológica – a qual resultou em desgastes físicos – e verbal”, refere o MP brasileiro. Em setembro de 2018, Wolff, de 23 anos, foi condenado a um ano e nove meses de prisão. Como a pena é inferior a cinco anos, o tribunal decidiu que o youtuber irá prestar serviço comunitário durante aquele período e não pode sair de casa aos fins de semana. Wolff tem mais de três milhões de seguidores no YouTube e mais de 522 milhões de visualizações no canal.
Negligência infantil, EUA setembro de 2017
Uma família de sete e um canal de YouTube onde são mostradas as peripécias do dia-a-dia. Parece muito propício a fazer-nos soltar umas valentes gargalhadas mas, às vezes, as coisas podem correr de outra forma. Em 2017, o casal Heather e Mike Martin publicou vídeos onde usavam linguagem imprópria para com os filhos para os repreender, tendo inclusive partido alguns dos seus brinquedos. Muitos seguidores não gostaram e o casal foi, na altura, condenado a cinco anos de prisão com pena suspensa por negligência infantil, perdendo ainda a guarda de dois dos cinco filhos. Em janeiro, a sentença foi reduzida para liberdade condicional sem supervisão e, agora, o casal tentará apelar a que a sua condenação seja extinta. O canal, DaddyOFive, conta com 2500 seguidores.
Aterrorizar o público, Inglaterra maio de 2016
As brincadeiras têm limites. E às vezes saem caro. Danh Van Le era uma estrela no YouTube. Com amigos, criou o canal Trollstation, que descreve como “especializado em brincadeiras bizarras e muitas vezes surrealistas executadas com membros involuntários do público” e que conta atualmente com mais de 1,3 milhões de seguidores. Em maio de 2016, o grupo invadiu museus e galerias de Londres simulando falsos ataques. Como era de esperar, não correu bem: Danh Van Le foi condenado a 12 semanas de prisão e os colegas a 20, por acusações de “intenção de causar medo” e “provocação de violência ilegal”. E esta não foi a primeira vez que Van Le teve problemas com a justiça. Em 2015 foi condenado a 24 semanas de prisão por uma partida que envolvia uma bomba numa estação de metro.
Promoção de pirataria, Brasil dezembro de 2017
A Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) processou o canal de YouTube Café Tecnológico por publicar conteúdos que incentivavam os seguidores a piratearem o acesso a pacotes de televisão disponíveis apenas através de assinatura. Os vídeos mostravam como era fácil dar a volta ao sistema e aceder a canais pagos. Um tribunal de São Paulo deu razão à ABTA e condenou o responsável pelo canal, cuja identidade não foi revelada. O youtuber foi obrigado a remover conteúdos que sugiram a prática de pirataria e a pagar uma indemnização à associação, num valor que foi posteriormente acordado entre as partes. O canal Café Tecnológico tem mais de 100 mil subscritores e mais de quatro milhões de visualizações.