Hotel no centro de Braga divide maioria camarária

Hotel no centro de Braga divide maioria camarária


Pedido de construção de hotel teve dois votos contra 


A construção de um hotel no centro da cidade de Braga já dividiu a maioria do executivo camarário bracarense, com o voto contra do próprio vereador do urbanismo e regeneração urbana, o independente Miguel Bandeira, e do eleito da CDU, Carlos Almeida.

Apesar da existência de dois votos contra, a Câmara Municipal de Braga aprovou o pedido de informação prévia para se construir um hotel nos edifícios, contíguos ao Recolhimento das Convertidas – um edifício barroco com três pisos, mandado construir no Século XVIII pelo arcebispo de Braga, D. Rodrigo de Moura Teles, para abrigar mulheres e que foi classificado como Monumento de Interesse Público pela Direcção-Geral do Património Cultural.

Por essa razão o edifício histórico poderá ficar a dividir o espaço com um hotel de cinco pisos e 110 quartos, na Avenida Central, cuja cércea é idêntica nas construções logo ao lado. O Partido Socialista votou em bloco a favor, apenas usando o mecanismo da escusa a vereadora da Cultura, Lídia Dias, da maioria de direita Juntos por Braga, por um alegado “conflito de interesses” quanto à questão, que levou o Bloco de Esquerda a convocar uma conferência de imprensa para esta quinta-feira, através dos deputados municipais António Lima e Alexandra Vieira, “preocupados” com a construção do hotel naquele mesmo local.

Miguel Bandeira afirmou na reunião camarária que não está em causa o facto de se querer construir um hotel naqueles edifícios, apontando a não existência de nenhum parecer da Direção Regional de Cultura do Norte, afirmando até “não ter nada contra o facto de esta intervenção se destinar a um hotel, eu até poderia faltar à reunião ou abster-me, mas em consciência, o meu voto será desfavorável”, o que confirmou na hora da votação coletiva.

Para o vereador da CDU, Carlos Almeida, o seu voto contra, é por “não ver com bons olhos a construção de um hotel com mais dois pisos além dos já existentes, porque pode causar impacto muito grande, dada a proximidade com o Recolhimento das Convertidas”.

Para o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, “o que está em causa não é o processo de licenciamento, mas sem a decisão se o Executivo deve aceitar ou não o caráter de excecionalidade relativamente à capacidade construtiva que decorre do PDM”, tendo afirmado que “o  Conselho para a Regeneração Urbana também deu parecer favorável ao pedido de informação prévia com aquela mesmo especificidade” e daí ter votado a favor.

Ricardo Rio justificou o carácter de excecionalidade com ase na “conjetura económica do turismo que se vive na nossa cidade, pois no contexto local, a capacidade hoteleira não ultrapassa as 7.500 camas, o que é manifestamente limitado e se por exemplo Bom Jesus vier a ser património da humanidade, então o turismo crescerá e carecer de mais oferta”.

O Partido Socialista, através do líder, Artur Feio, disse “conhecer o PS o projeto e apesar de aumentar a volumetria, não tem desenquadramento, ficando provado que o terreno tem mais potencial daquilo que inicialmente se dizia”, votando os socialistas favoravelmente.