Os disparates de Marcelo


Agora, o Presidente preocupa-se que um partido, neste caso o PS, possa ter uma maioria absoluta? Mas isso faz algum sentido? 


O Presidente da República, por vezes, esquece-se do cargo que ocupa e tem uma tentação incorrigível de vestir a pele de comentador ou de criador de factos políticos, como tão bem iniciou a sua carreira jornalística, nos idos anos 70/80. A fama que ganhou com os comentários televisivos muito contribuiu para a sua eleição como Presidente da República, e Marcelo tem conseguido chatear tudo e todos, à vez, embora uns mais do que outros. Na maior parte das vezes, diga-se, agradou sempre ao Governo e chateou o seu partido, o PSD, mas, na última intervenção na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), conseguiu o pleno: irritou a direita e a esquerda. Marcelo, que discursou em inglês, disse coisas extraordinárias como esta: “Eu diria que há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos – isto, para ser muito realista. Isto explica porque é que o equilíbrio de forças está como está. E um bocadinho, também, porque é que o Presidente, pelo menos neste momento, é importante para equilibrar os poderes”. Fantástico! Agora, o Presidente preocupa-se que um partido, neste caso o PS, possa ter uma maioria absoluta? Mas isso faz algum sentido? Desde 1974, quantas maiorias absolutas já aconteceram? Cavaco Silva não teve duas? José Sócrates não deu a primeira ao PS? Nessa altura, o comentador Marcelo podia dizer e escrever o que lhe apetecesse, não agora que é o mais alto representante do Estado português.

Ou será que Marcelo está preocupado com a hipótese de não ter a maior votação de sempre numa reeleição? “Agora, só o resultado das legislativas é que permitirá dizer qual é o equilíbrio a que se chegará em outubro e, depois, qual é o papel que o Presidente terá até ao fim do mandato, e se isso influenciará ou não a decisão sobre a recandidatura”, acrescentou. O Presidente não sabe que não é bonito estar sempre a dizer que a sua recandidatura dependerá de como correrá a época dos fogos, do resultado das eleições, se o Papa vem ou não às Jornadas da Juventude, etc.? O Presidente não tem nada a ver com a decisão dos portugueses de votarem em quem muito bem entenderem. Esse é um problema de cada um. Se fica triste ou zangado, tem bom remédio. Não se recandidate e volte a disputar a liderança do PSD, para o tornar forte, equilibrando então as contas.

Os disparates de Marcelo


Agora, o Presidente preocupa-se que um partido, neste caso o PS, possa ter uma maioria absoluta? Mas isso faz algum sentido? 


O Presidente da República, por vezes, esquece-se do cargo que ocupa e tem uma tentação incorrigível de vestir a pele de comentador ou de criador de factos políticos, como tão bem iniciou a sua carreira jornalística, nos idos anos 70/80. A fama que ganhou com os comentários televisivos muito contribuiu para a sua eleição como Presidente da República, e Marcelo tem conseguido chatear tudo e todos, à vez, embora uns mais do que outros. Na maior parte das vezes, diga-se, agradou sempre ao Governo e chateou o seu partido, o PSD, mas, na última intervenção na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), conseguiu o pleno: irritou a direita e a esquerda. Marcelo, que discursou em inglês, disse coisas extraordinárias como esta: “Eu diria que há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos – isto, para ser muito realista. Isto explica porque é que o equilíbrio de forças está como está. E um bocadinho, também, porque é que o Presidente, pelo menos neste momento, é importante para equilibrar os poderes”. Fantástico! Agora, o Presidente preocupa-se que um partido, neste caso o PS, possa ter uma maioria absoluta? Mas isso faz algum sentido? Desde 1974, quantas maiorias absolutas já aconteceram? Cavaco Silva não teve duas? José Sócrates não deu a primeira ao PS? Nessa altura, o comentador Marcelo podia dizer e escrever o que lhe apetecesse, não agora que é o mais alto representante do Estado português.

Ou será que Marcelo está preocupado com a hipótese de não ter a maior votação de sempre numa reeleição? “Agora, só o resultado das legislativas é que permitirá dizer qual é o equilíbrio a que se chegará em outubro e, depois, qual é o papel que o Presidente terá até ao fim do mandato, e se isso influenciará ou não a decisão sobre a recandidatura”, acrescentou. O Presidente não sabe que não é bonito estar sempre a dizer que a sua recandidatura dependerá de como correrá a época dos fogos, do resultado das eleições, se o Papa vem ou não às Jornadas da Juventude, etc.? O Presidente não tem nada a ver com a decisão dos portugueses de votarem em quem muito bem entenderem. Esse é um problema de cada um. Se fica triste ou zangado, tem bom remédio. Não se recandidate e volte a disputar a liderança do PSD, para o tornar forte, equilibrando então as contas.