A grande amizade entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, ficou mais tensa com os comentários de Trump acerca dos recentes testes de mísseis balísticos de curto alcance, por parte da Coreia do Norte. O chefe de Estado norte-americano afirmou não estar "pessoalmente incomodado" com o assunto, durante a sua visita oficial ao Japão. "Penso que um dia teremos um acordo", mencionou Trump, acrescentando que "não há pressa". Algo a que Abe reagiu, em conferência de imprensa, ao lado de Trump, considerando os testes "lamentáveis", e relembrando que ocorreram em direta violação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Trump tem desvalorizar os testes da Coreia do Norte, dado ter investido muito do seu capital político nas duas cimeiras que teve com o líder norte-coreano, Kim Jong-Un. O Presidente dos EUA afirmou-se frequentemente como o grande negociador que poria fim às tensões entre ambos os países, convencendo Kim a abdicar do seu programa nuclear – uma narrativa que os recentes testes de mísseis de curto alcance parecem desmentir. Além de que Trump tem tentado virar as atenções para o Irão – que vê como a grande ameaça à paz – recebendo até protestos das próprias secretas norte-americanas. Já o Japão não se pode dar a esse luxo, estando no alcance direto dos mísseis de Pyongyang.
Recorde que Trump foi convidado ao Japão de modo a ser o primeiro chefe de Estado a encontrar-se com o novo imperador, Naruhito, que este mês substituíu o seu pai, Akihito – algo que realça as excelentes relações entre os dois países aliados. Para além do facto de ideologicamente Trump e Abe terem bastante em comum, estando ambos no extremo-direito do espectro político, defendendo uma postura nacionalista para os seus respetivos países. Mas o facto de Trump ter gabado Kim como "um homem inteligente", que lançou os seus mísseis só para "chamar atenção", levou a que a sua visita ao Japão se tenha focado mais em cimentar uma boa relação pessoal entre os doís líderes que numa agenda política e diplomática comum. Aliás, Abe tem tentado manter estáveis as sua relações com o Irão, apesar dos sucessivos despiques entre Washington e Teerão. "A paz e a estabilidade do Médio Oriente são muito importantes para o Japão, para os EUA e para a comunidadade internacional como todo", comentou Abe, mesmo ao lado de Trump.