E pronto. Chega hoje ao fim a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu.
Sim, porque, apesar de tudo, ela existiu. Fraquinha, desinteressante, sem paixão, sem inovação, sem capacidade de mobilização. Mais do mesmo.
Pedro Marques já pode mandar beijinhos aos portugueses e apanhar o avião para Bruxelas. Paulo Rangel bem pode queixar-se de que foi prejudicado pelo desastre de quem tirou da cartola aquela desastrosa ideia de uma coligação do PSD com os partidos da extrema esquerda e o da direita no Parlamento para devolver todo o tempo de serviço congelado aos professores. Como Nuno Melo, que também leva com a fava do mesmo bolo. Aliás, bem vistas as coisas, comem-na todos: Marisa Matias, João Ferreira, Paulo Sande e Francisco Guerreiro.
Dir-se-ia que, com a história dos professores e a jogada de mestre de António Costa, antecipando-se com a ameaça de uma crise política que não chegou a existir, a campanha para as europeias acabou antes de começar.
Porque já nada mais interessou.
Aliás, se analisarmos a primeira sondagem da Eurosondagem-Associação Mutualista Montepio (edição de 4 de maio) para o SOL, sobre estas europeias, e aquela que o i hoje publica, as poucas diferenças apenas o confirmam, já que só o PS sai reforçado nas intenções de voto.
Ou seja, mesmo com um candidato reconhecidamente fraco – e que a campanha ainda mais apoucou -, António Costa consegue o feito, em final de mandato no Governo, de o PS ganhar por mais do que nas eleições de há quatro anos, quando o PS liderado por António José Seguro e tendo como cabeça de lista Francisco Assis as ganhou pela célebre margem do “poucochinho”.
Mas, se Pedro Marques teve nestas eleições, mesmo ganhando, um teste fatal para as suas eventuais aspirações à liderança futura do PS, também Paulo Rangel deve tirar o cavalinho da chuva quanto a uma possível entrada na próxima corrida à liderança do PSD, com tiro de partida marcado, o mais tardar, para a noite das eleições que se seguirão, as legislativas de outubro.
Os resultados da ida às urnas neste domingo, sendo embora para o Parlamento Europeu, obrigam à leitura ou conclusão de que, salvo terramoto ou desgraça maior, o PS e António Costa estão lançados para uma vitória tranquila – ainda que sem maioria absoluta – nas legislativas. E de que, no final dessa noite de outubro, a esquerda anunciará a viabilização do novo Executivo de Costa, mesmo sem necessidade de repetir a ‘geringonça’, e o PSD entrará num novo ciclo. É inevitável.