Verão promete ser muito quente mas grau de incerteza ainda é grande

Verão promete ser muito quente mas grau de incerteza ainda é grande


Site AccuWeather alerta para ondas de calor prolongadas, com temperaturas a chegar aos 43 ºC e risco de incêndio elevado. 


O calor começa em junho na península Ibérica e mantém-se durante todo o verão, com temperaturas acima do normal e ondas de calor prolongadas. A previsão é do site AccuWeather, que alerta que a próxima estação será de calor intenso em várias partes da Europa, enquanto nos Balcãs se preveem tempestades fora de época. “O calor vai ser mais persistente do que no último verão, em que houve temperaturas recorde em algumas zonas de Portugal, Bélgica, Holanda, Alemanha e Escandinávia, mas geralmente duravam apenas uma ou duas semanas”, lê-se no comunicado emitido com as projeções para o verão europeu. “As localizações mais quentes em Portugal e Espanha vão ter ondas de calor de vários dias, com temperaturas a atingir ou superar os 43 oC”.

As previsões do estado do tempo a semanas de distância não são consideradas fiáveis pelos serviços de meteorologia, que habitualmente fazem previsões com até cinco dias de antecedência, com tendências de evolução a dez dias. No seu site, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera explica que previsões mensais e sazonais devem ser interpretadas com cautela nas latitudes médias (região do globo em que se encontra Portugal), visto que o grau de confiança é baixo. 

O site norte-americano publica este tipo de projeções anualmente. Em 2017, ano que viria a registar um verão quente e extremamente seco em Portugal, com uma onda de calor de 17/18 dias entre 7 e 24 de junho, a previsão ia no mesmo sentido, alertando para ondas de calor prolongadas e várias ondas de calor “perigosas” nos países do sul e do leste europeu. Também no ano passado, por esta mesma altura, saiu o aviso de tempo particularmente quente, prevendo-se para Espanha e Portugal um verão típico em termos de intensidade e duração de ondas de calor. O verão seria classificado como normal em Portugal, ainda que o mês de agosto tenha sido excecionalmente quente e seco. Foi mesmo considerado o segundo mês mais seco depois de 2003. Entre os dias 2 e 4, as temperaturas passaram os 40 oC e 4 de agosto foi declarado o dia mais quente do séc. xxi no país. 

O AccuWeather prevê para este ano que mesmo nos períodos menos quentes, as temperaturas estarão perto ou acima do normal, para logo regressarem a “valores perigosos”. As previsões apontam ainda para mais noites tropicais, que tornarão difícil o arrefecimento de casas que não tenham ar condicionado. “As ondas de calor intensas e longos períodos de tempo seco vão trazer um risco elevado de incêndio na maioria da Europa ocidental e central. As áreas de maior risco serão do norte de Portugal ao norte de Espanha”. Alpes, Alemanha e República Checa merecem igualmente uma chamada de atenção. “Um inverno e primavera chuvosos vão resultar em mais vegetação do que nos anos anteriores. Ainda assim, como o tempo seco se mantém, o AccuWeather admite que o risco de incêndio aumente na segunda metade do verão”. 

Emanuel Oliveira, consultor na área de risco de incêndios florestais, explicou ao i que os cenários apontam para um verão quente e com menos precipitação mas, a esta distância, as previsões “ainda têm uma grande incerteza”. O sistema de correntes de ar parece carregar cada vez mais o território com ventos frios do Ártico, mas também ventos provenientes de zonas perto do Equador, justifica. 

Em termos de risco de incêndio, o especialista explica que, além da meteorologia, importa analisar o estado dos combustíveis, ou seja, da vegetação. Com menos chuva, já há sinais de stresse vegetativo nas zonas Centro e Sul, que deverão intensificar-se na ausência de precipitação nas próximas semanas, com o risco a ser maior na zona do Algarve, à exceção da zona afetada no ano passado pelo grande incêndio de Monchique. “No ano passado tínhamos condições menos favoráveis para haver incêndios e, mesmo assim, tivemos o grande incêndio de Monchique”, diz Emanuel Oliveira, que alerta que a fiscalização e a vigilância serão determinantes. “Havendo condições favoráveis para incêndios, depende muito de conseguirmos reduzir o número de ocorrências”.