CDS. Fanfarra, rendas e turistas na “rua mais europeia de Portugal”

CDS. Fanfarra, rendas e turistas na “rua mais europeia de Portugal”


Assunção Cristas acredita que “não há impossíveis” para os centristas no dia em que ouviu que deveria ter vergonha por sair à rua, por causa da lei das rendas


A fanfarra de nome “bandalheira” começou a tocar ainda antes da chegada do cabeça-de-lista ao ponto de encontro: o Arco da Rua Augusta, em Lisboa. Primeiro apareceu a líder do CDS, Assunção Cristas, e depois o cabeça-de-lista, Nuno Melo, com Pedro Mota Soares, o seu número dois e Telmo Correia. Tudo pronto para mais arruada e demonstrar que, na campanha centrista,  “não há medo da rua”. 

Ao som da fanfarra, mas também da entourage centrista que entoava o hino da comitiva, Melo seguiu com a líder a distribuir panfletos. Na primeira paragem, uma fotografia de conjunto com turistas brasileiros. Que nem sabiam bem quem era o protagonista da comitiva. “Amigos do Brasil”, foi assim que Nuno Melo  abordou mais um contacto de rua.  Seguiram-se mais cumprimentos, a entrega da panfletos, a ida a um café, uma fotografia tirada com uma artista de rua, vestida de noiva (a segunda do dia, porque nas Caldas da Rainha, Nuno Melo já tinha repetido o momento), e duas selfies pelo caminho. 

Mota Soares, o número dois da lista fez pose para a fotografia com duas argentinas e Nuno Melo, mais à frente, com duas canadianas. Nenhuma vota nas eleições europeias.

Mas Nuno Melo desmistificou a questão. A ação de campanha foi pensada para passar “a mensagem para fora” na  “rua, talvez, mais europeia de Portugal, com muito simbolismo, com a oportunidade de falar com pessoas que são portuguesas, outras que são europeias e que vão votar e têm noção que vamos ter eleições europeias”.

E o facto de ter encontrado turistas oriundos de outros continentes também parece não ter demovido Nuno Melo nos argumentos. Para o CDS“ Lisboa acaba por ser expressão deste projeto comum [Europeu]” e ao mesmo tempo regista uma  “explosão do turismo” que começou com o CDS no Governo. “Olhe está aqui Adolfo Mesquita Nunes, logo depois de Telmo Correia”, apontou Melo aos jornalistas para lembrar os dois goverantes com a pasta no Turismo nos governos do PSD e do CDS.

A meio da rua Augusta uma senhora tocou no ombro de Assunção Cristas para lhe dizer que “deveria ter vergonha de sair à rua” tendo em conta que foi o rosto principal da Lei das Rendas que está em vigor, onde, por vezes, é uma missão impossível arrendar casa. O CDS geriu o incómodo rapidamente com Nuno Melo a dizer que a senhora seria do PCP, dando a ideia de que não foi uma crítica espontânea. Cristas não contrariou a tese, garantiu que não será por essa contestação que deixará de ir à rua e que “há dez anos [Lisboa]  estava a cair aos bocados”. 

Por fim, Assunção Cristas quis passar a mensagem de que tanto nas Europeias como nas Legislativas “não há impossíveis”. “Continuo a acreditar que pode não haver impossíveis nas Europeias e nas Legislativas. É isso que nos dizem nas rua”, assegurou Cristas, porque não se contenta com “poucochinho”.

A Nuno Melo coube ainda a crítica ao ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, por ter considerado que os centristas são mais alinhados “com a extrema direita europeia, com [o partido espanhol] Vox, com o senhor Órban da Hungria”.O cabeça-de-lista do CDS classificou o ataque de “virulento”, mas aproveitou o momento para confrontar o primeiro-ministro e o cabeça-de-lista do PS, Pedro Marques. “Na verdade o cabeça-de-lista é António Costa”, afirmou Melo. Por isso, “é normal que os seus ministros, feitos comissários políticos, intervenham na campanha como poucas vezes se viu”. A arruada durou cerca de uma hora, gerando algum interesse dos turistas pelo aparato musical (e de jornalistas) e o candidato rumou a Alcobaça, a dois dias do final de campanha, assegurando ainda estar cheio de “power”. Cristas fez votos que a música da noite eleitoral seja a da vitória com “We are the champions” dos Queen.