Aumentam os diagnósticos de doenças sexualmente transmissíveis

Aumentam os diagnósticos de doenças sexualmente transmissíveis


Há cada vez mais casos de gonorreia, sífilis e clamídia diagnosticados no país. Direção-Geral da Saúde diz estar a acompanhar evolução.


Estão a aumentar os diagnósticos de doenças sexualmente transmissíveis (DST) no país. No ano passado foram notificados 976 casos de gonorreia, 996 casos de sífilis e 600 casos de Chlamydia trachomatis.

As três doenças são de notificação obrigatória e os dados disponibilizados na plataforma de transparência do Ministério da Saúde revelam uma subida expressiva nos últimos anos. Em 2015, o primeiro ano de que há registos completos, tinham sido reportados 468 casos de gonorreia, 782 de sífilis e 162 de clamídia. Em relação a 2017, os casos de gonorreia subiram 48% (há dois anos foram notificados 656 casos) e os de Chlamydia trachomatis praticamente duplicaram (de 342 para 600). A subida dos casos de sífilis é menos significativa do que em anos anteriores: em 2017 foram notificados 922 casos, com os dados de 2018 a representarem um aumento de 8%. A informação disponibilizada no portal permite concluir que a maioria dos casos são diagnosticados nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

Embora recentemente não tenha havido qualquer campanha nacional sobre prevenção de DST, a Direção-Geral da Saúde garante estar a acompanhar a evolução. Questionada pelo i sobre os dados publicados no Portal da Transparência, a autoridade de saúde confirma que a incidência destas doenças tem estado a aumentar no país, tal como está a aumentar no panorama europeu, refere.

Entre 2016 e 2017, concretiza a DGS, a incidência de gonorreia passou de 30,70 para 35,71 casos por 100 mil habitantes; a clamídia, de 17,35 para 31,14 casos por 100 mil habitantes; e a sífilis, de 5,72 para 7,95 casos por 100 mil habitantes. “Perante o panorama nacional e internacional, a Direção-Geral da Saúde, à semelhança do que está a realizar para outras temáticas, tem peritos nacionais a estudar e a acompanhar a sua evolução e emitirá as recomendações necessárias”, diz a DGS.

“A Divisão de Saúde Sexual, Reprodutiva, Infantil e Juvenil, bem como o Programa Nacional para a Infeção VIH e Sida, tem nas suas atividades de prevenção da doença e promoção da saúde investido na divulgação da utilização do preservativo como meio de proteção para as doenças sexualmente transmissíveis, estando também previsto o diagnóstico e tratamento, nomeadamente no caso da sífilis”, salienta ainda a Direção–Geral da Saúde, chamando a atenção para a distribuição gratuita de preservativos. Em 2018 foram distribuídos 170 292 preservativos femininos e 4 902 555 preservativos masculinos, no valor de 272 442,44€. Os números continuam, ainda assim, aquém do que se registava há dez anos, antes do corte de verbas durante o período de ajustamento. Em 2008 foram distribuídos 7,4 milhões de preservativos, número que caiu para os 2,4 milhões em 2012.

Mais rastreio? A DGS admite que parte do aumento dos casos notificados poderá estar relacionado com os projetos de proximidade em curso. “Através do Programa Nacional para a Infeção VIH e SIDA, da DGS, têm sido apoiados financeiramente projetos desenvolvidos por organizações de base comunitária que promovem o rastreio não só da infeção por VIH, VHB e VHC como também da sífilis, em contextos de proximidade junto de populações mais vulneráveis e em maior risco de contrair este tipo de infeções”, diz a Direção-Geral da Saúde. “Esta procura ativa das pessoas poderá contribuir para justificar o aumento do número de casos de sífilis. Igualmente, a associação GAT, através de um acordo com a ARSLVT, disponibiliza uma consulta de infeções sexualmente transmissíveis, no âmbito do CheckpointLx em Lisboa, para o rastreio de, entre outras, clamídia, gonorreia, aos homens que fazem sexo com homens”, diz a DGS.