Empresário do mobiliário, conhecido como Rolls Royce, suspeito de fraude de milhões

Empresário do mobiliário, conhecido como Rolls Royce, suspeito de fraude de milhões


Manuel Martins inaugurou empresa que queria revolucionar o mobiliário e obteve milhões de fundos comunitários. De seguida declarou insolvência. Mulher, filho e contabilista são outros dos sete detidos da operação Prazo Final


A Polícia Judiciária do Porto deteve sete pessoas suspeitas de montar um esquema fraudulento para obtenção e uso indevido de subsídios europeus. Na operação Prazo Final, além das detenções, foram levadas a cabo diversas buscas domiciliárias.

Manuel Martins, conhecido como o “Rolls Royce” do mundo mobiliário, está no centro de toda a teia. O empresário em conjunto com a mulher, o filho, contabilista e outras três pessoas, “orquestrou um plano que consistia em simular a aquisição de equipamentos ou máquinas industriais como novas, quando na verdade se tratava de equipamento usado”. Ou seja, simulou investimentos superiores aos que tinha feito, uma vez que o valor real das máquinas que efetivamente tinha era “bastante inferior ao declarado nas faturas.”, refere a PJ num comunicado enviado às redações.  

Nas diligências de hoje participaram vários investigadores da PJ e da Direção de Finanças do Porto da Autoridade Tributária. A PJ revela ainda que foram realizadas, no total, “22 buscas domiciliárias e não domiciliárias nos Concelhos de Paredes, Paços de Ferreira, Vila Nova de Gaia, Vila do Conde, Santa Maria da Feira e Matosinhos”. Os detidos – cinco homens e duas mulheres – têm idades entre os 25 e os 50.

O esquema que permitiu desviar milhões

O alegado esquema encabeçado por Manuel Martins teve início em julho de 2017, quando o empresário abriu a uma empresa de mobiliário “Woodone”. A inauguração não passou despercebida, tendo inclusivamente contado com a presença de Paulo Portas e de várias figuras de relevo de Angola e Moçambique.

A sociedade de Manuel Martins apresentou um projeto de financiamento junto do “Programa Portugal 2020”, tendo recebido cerca de três milhões e cem mil euros de fundos comunitários. Tais fundos tinham o objetivo de fazer face a um investimento que afinal não existia.

Apesar de toda a pompa e circunstância e da promessa de revolução no mundo mobiliário, a “Woodone” acabou por abrir falência logo a seguir, em agosto do mesmo ano. Manuel Martins, que segundo a investigação continua a viver de forma luxuosa, deixou um passivo de 10 milhões de euros, “sendo o Estado Português o mais prejudicado”.

No decorrer da operação de hoje foram apreendidos vários equipamentos informáticos, telemóveis, carros de luxo e vários documentos contabilísticos com interesse para o decorrer das investigações.

Os detidos vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial para ficarem a conhecer as medidas de coação.