“A emergência climática foi declarada hoje no cantão suíço de Zurique. Quem se segue?”. O repto foi lançado na segunda-feira por Greta Thunberg, no Twitter, depois de uma votação ter aprovado uma resolução nesse sentido.
Em poucos meses, a jovem ativista, que diz só estar a repetir o que os cientistas afirmam há anos, saiu do anonimato para personificar o sentimento de uma geração preocupada com o futuro e que não está disposta a aceitar mais hesitações nem negócios que não tenham em conta o interesse comum. Uma geração para quem o séc. XXI, de fenómenos extremos cada vez mais frequentes, de desigualdades sociais agravadas pelas alterações climáticas, pela escassez de água, de um mundo mais pobre também pela perda de biodiversidade, não é um quadro tenebroso algures num horizonte distante mas o mundo em que é suposto viver, envelhecer, isto quando há anos existem alertas de que seria possível mitigar alguns dos cenários com mais impacto. Esta quarta-feira, o debate em torno da emergência climática terá lugar no Parlamento.
É Portugal que se segue? Será sempre uma iniciativa simbólica mas, para um país várias vezes apontado como dos mais vulneráveis na Europa aos problemas da seca e ao impacto da subida do nível médio do mar nas zonas costeiras, é uma oportunidade de afirmar um compromisso, de discutir caminhos e de criar espaço para envolver os especialistas nos esforços de mitigação e adaptação, para além da intervenção nos fóruns de diplomacia política e económica. António Guterres fez o alerta há dias: “As alterações climáticas estão a ser mais rápidas do que nós. Os últimos quatro anos foram os mais quentes de que há registo”, disse, considerando que não estão a ser feitos esforços suficientes para limitar o aumento da temperatura de 2 oC em relação aos valores pré-industriais. Falou de um paradoxo: “Quando as coisas parecem estar a ficar pior, a vontade política parece estar a desvanecer”. Um paradoxo destruidor.