A Braga Romana, uma das recriações históricas mais conceituadas da Europa – cuja 16.a edição se realiza já na próxima semana –, aproxima-se cada vez mais do casco histórico da cidade. Os monumentos e as ruínas bimilenares que testemunham a presença daquele povo, bem como dos seus antecessores brácaros, vão ganhar protagonismo de 22 a 26 de maio, entrando-se numa máquina do tempo que nos transporta até ao Império Romano.
O espaço nobre da Braga Romana estará confinado precisamente ao da muralha daquela que era Bracara Augusta, num regresso às origens. Há o Acampamento Militar, em pleno Largo Paulo Orósio, e ainda as Termas e o Teatro Romano, ambos testemunhos vivos da presença romana na capital da Galécia, esta cidade de Braga.
A uma semana do evento, o aumento da ocupação hoteleira já está a fazer-se sentir, com a garantia de retorno económico não só nos estabelecimentos hoteleiros e no comércio tradicional como na atividade económica bracarense, porque além de turistas nacionais há também casos de estrangeiros, alguns dos quais já habituais, que rumam a Braga nesta altura.
O Cortejo Inicial, na próxima quarta- -feira, terá o habitual trajeto no centro da cidade, com o envolvimento dos professores e dos pais das crianças e jovens, enquanto o Cortejo Noturno de sexta- -feira terminará este ano em pleno Acampamento Militar.
Ao longo dos cinco dias da Braga Romana 2019 haverá ainda um mercado, espetáculos, animação de rua e área pedagógica, este ano reforçada com a formação ministrada aos próprios professores para fazer a dinamização dos jogos de tabuleiro, com uma dimensão nacional e já reconhecida pelo Ministério da Educação, havendo grande acolhimento por parte das escolas dos vários graus de ensino.
A filosofia da organização camarária é um “mergulho” na realidade romana de outrora e na sua aculturação junto dos brácaros, como sucederá com a recriação permanente ao longo de cinco dias, entre outras iniciativas, de uma villa romana e com a mostra de animais ao vivo, bem como produção contínua de artesanato e da casa dos ofícios dinamizada pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional. Haverá também lugar a investigação histórica, ao mesmo tempo que a Casa Romana, que ilustra as suas vivências e funcionalidades, será desta vez junto ao Seminário de São Pedro e São Paulo, já que este edifício tem vestígios romanos.
O Concílio dos Deuses, um espetáculo noturno sempre muito apreciado pelo público, terá este ano como tema a água, de modo a divulgar a sua importância enquanto fonte de vida, tal como acontecerá em redor do espaço do Senado e do Fórum Romano, revelando ainda o peculiar sistema de abastecimento de água para Bracara Augusta que ainda hoje existe.
Haverá cerca de duas centenas de espetáculos em cinco palcos, perto de 80 atividades pedagógicas, como as oficinas e aulas de latim, grego, filosofia e teatro, e percursos encenados, a par de teatros de marionetes, porque as crianças terão novo espaço destacado no certame.
Estarão cerca de 140 mercadores nas ruas históricas e 90 entidades do movimento associativo e escolar, a par de 40 agentes artísticos, 15 dos quais de Braga, com dez visitas encenadas e 11 visitas guiadas, uma das quais decorre no próximo fim de semana à Braga Romana Escondida, a tradicional Caminhada pela Via Romana e o próprio Fórum, que decorrerá já no próximo domingo, com os jogos de tabuleiro na próxima sexta-feira.
Durante a apresentação de Braga Romana – Reviver Bracara Augusta, que teve lugar esta terça-feira, os vereadores Lídia Dias e Miguel Bandeira destacaram a interação com o Museu D. Diogo de Sousa, onde existe a maior concentração de miliários na Europa. Isabel Silva, diretora do museu, tem vindo a promover igualmente o evento, com uma missão pedagógica que é quotidiana, a par do Turismo do Porto e Norte de Portugal, representado localmente por Marco Sousa, bem como a Associação Comercial de Braga, cujo diretor-geral, Rui Marques, marcou presença.
Lídia Dias, vereadora da Cultura, destacou que a cidade de Braga tem vestígios e todo um património ainda edificado que testemunha materialmente a vivência romana, além dos seus núcleos museológicos das Termas Romanas, do Teatro, da Fonte do Ídolo e do Domus da Escola Velha da Sé, além do centenário Museu D. Diogo de Sousa, entre outros motivos de interesse histórico, já para não falar da zona das Carvalheiras, em musealização.
Miguel Bandeira, vereador do Património, salientou o vetor romano como uma estratégia para o desenvolvimento, “além de uma grande festa e das principais expressões culturais”, referindo que “promove a atração de turistas e de todos quantos nos visitam nesta altura”.
Desde que assumiu a presidência da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio apostou no evento, fazendo questão de, ao contrário daquilo que sucedia com o seu antecessor, Mesquita Machado, não interpretar o papel de imperador, deixando o protagonismo para os artistas que animam a recriação.
A Braga Romana Braga Romana tem como propósito comemorar os primeiros tempos de vida daquela que foi a opulenta cidade Bracara de Augustus. Terminadas as Guerras Cantábricas – que puseram fim à conquista da península Ibérica – e instalada a Pax Romana, o imperador César Augusto funda três cidades no noroeste da Hispânia, Bracara Augusta, Lucus Augusti e Asturica Augusta.
Bracara Augusta terá sido presumivelmente fundada entre os anos 16/15 a.C. na região dos bracari, situada entre os rios Lima e Ave, em que a nova cidade imperial deve o seu nome de Bracara ao povo indígena que ocupava o território e o epíteto de Augusta em homenagem ao imperador que a fundou, tendo sido sede do Conventus Bracarensis, inserido na província tarraconense.
Ao longo dos séculos, Bracara Augusta foi ganhando preponderância, chegando mesmo no séc. iv, com o imperador Diocleciano, a capital da nova província da Galécia.
Como cidade imperial, Bracara Augusta desenvolveu gradualmente importantes funções comerciais, jurídicas, religiosas, políticas e administrativas, propiciando o aparecimento de variados espaços públicos de caráter lúdico.