Saiba se compensa ter seguro de saúde

Saiba se compensa ter seguro de saúde


Analise as suas necessidades e, acima de tudo, as coberturas abrangidas pelo seguro. Esta é a fórmula de sucesso para saber se está a fazer um bom negócio.


Há ofertas para todos os gostos e preços e continuam a surgir neste mercado novas ofertas. O certo é que o mercado dos seguros de saúde continua a crescer e, para muitos consumidores, é visto como um importante complemento ao Serviço Nacional de Saúde. No entanto, escolher um plano adequado às suas necessidades pode ser uma tarefa complexa. E a explicação é simples: o prémio do seguro a pagar depende das coberturas contratadas. Como tal, esse é um dos critérios a ter em conta no momento de escolher o seguro de saúde.

A verdade é que a dinâmica deste mercado é cada vez maior e, por isso mesmo, é frequente assistirmos à possibilidade de contratar planos de saúde completamente personalizáveis, adaptados à realidade de cada indivíduo, à medida das suas necessidades, construídos pelo próprio segurado (ver caixas ao lado).

Mas nem tudo são facilidades. A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) esteve até ao início deste mês a recolher assinaturas para uma petição, considerando que existe atualmente, no setor dos seguros, “um quadro discriminatório e prejudicial para os consumidores”. Citando dados da Associação Portuguesa de Seguradores, a entidade alega que os 2,4 milhões de seguros não “respondem ao propósito, necessidade e expetativas” dos segurados, afetando-os “na altura da vida em que é mais provável o aparecimento de problemas de saúde”.

Já em relação à população mais idosa, a Deco diz que “as seguradoras definem um limite máximo para contratar o seguro – regra geral, 60 anos”. Além disso, a associação acusa as seguradoras de definirem “um limite de permanência a partir do qual a pessoa é excluída (65 ou 70 anos).

Outro motivo de preocupação prende–se com a condição de não haver risco grave de doença para a contratação de seguro por parte do utente sem que haja aumento do prémio de saúde. Ao mesmo tempo, a Deco critica a duração anual dos seguros, que pode deixar os consumidores “desprotegidos”. E lembra que “a vítima de um acidente que obrigue a tratamentos superiores a um ano pode ver a sua seguradora inviabilizar a renovação da apólice no final desse ano”.

 

Seguro ou cartão de saúde?

O custo está geralmente na base da decisão quando opta por um cartão em detrimento de um seguro de saúde. Por norma, os primeiros são quase sempre mais baratos; no entanto, não substituem os seguros. “Além disso, arrisca-se a comprar um e verificar, mais tarde, que pouca utilização lhe pode dar, por não haver médicos nem serviços na sua zona de residência com os quais o cartão tenha acordo”, alerta a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor.

No entanto, para a entidade, o seguro também não é a melhor solução para todos os casos. “Mesmo que o preço não seja um entrave para si, se pretende apenas fazer tratamentos dentários, subscrever um seguro de saúde pode não compensar”. Ainda assim, admite que, no caso de não ter restrições orçamentais, o cliente fica “à partida mais bem servido com um seguro. Os cartões são uma alternativa mais barata para quem quer ir ao privado, mas poucos cobrem internamento e a sua utilidade é reduzida se vive fora dos grandes centros urbanos”.

 

ADSE vs. seguros

A ADSE corresponde, de certa forma, a um plano de saúde que é facultado aos funcionários públicos, pelo qual estes pagam uma quantia que, atualmente, equivale a 3,5% do seu vencimento. No entanto, segundo a Deco, comparando os custos e as coberturas que tem face às ofertas das seguradoras, verá que não tem qualquer vantagem em abdicar da ADSE.

Já a nível da cobertura, segundo a entidade, um plano privado de saúde apresenta limitações relacionadas, nomeadamente, com exclusões (por exemplo, hemodiálise, quimioterapia, fisioterapia), períodos de carência, franquias, limites reduzidos (por exemplo, estomatologia), entre outras. “O seguro de saúde tem duração anual, pelo que não é garantido que continue a poder usufruir da sua cobertura nos anos vindouros”, alerta.

Por isso mesmo, a Deco considera que “os seguros de saúde privados nem deverão ser considerados um produto substituto da ADSE. Mesmo comparando apenas custos, verificará que esta apresenta, em regra, um custo muito inferior aos planos de saúde vendidos no nosso mercado. Além disso, deverá ainda saber que, caso renuncie à ADSE, não mais poderá voltar a usufruir deste plano”, conclui.

Vantagens

Geralmente há uma linha telefónica disponível para o ajudar na eventualidade de surgir algum problema

Reduz o tempo de espera característico do SNS

Tem acesso a um conjunto de possibilidades bastante mais amplo que as alternativas públicas

Algumas apólices apresentam uma certa flexibilidade na escolha dos profissionais e dos estabelecimentos

Desvantagens

Elevado custo das apólices

Franquias dos seguros

Períodos de carência

Limitações impostas através da exclusão de doenças comuns não abrangidas pela esmagadora maioria das apólices

Determinadas zonas do país não estão propriamente bem localizadas em relação aos estabelecimentos que compõem a rede de
cuidados das seguradoras

Critérios a ter em conta

Identificar necessidades

Antes de escolher o seguro de saúde deve analisar muito bem a oferta e identificar quanto gasta por ano e qual o orçamento que tem disponível anualmente só para esta área. Outro critério a ter em conta é se tem filhos ou, no caso de ser mulher, se está a pensar engravidar.

Forma de pagamento

O valor do seguro poderá ser pago mensal, trimestral, semestral ou mesmo anualmente. A forma de pagamento é estipulada na altura da subscrição da apólice. Analise as diferenças de preço entre as modalidades e escolha a que mais lhe convém.

Descontos

A maioria das seguradoras costumam aplicar um desconto pela inclusão do agregado familiar no seguro, diminuindo o montante do prémio. A desvantagem é que o seguro terá de ser igual para todos, o que nem sempre é o ideal, uma vez que há necessidades diferentes até por causa da idade. Subscrever o seguro numa seguradora onde já tenha outros produtos pode fazê-lo beneficiar de um desconto.

Coberturas

Os seguros de saúde dispõem de várias opções de cobertura, das mais simples às mais completas.

Período de carência

Já existem no mercado algumas opções sem período de carência mas, geralmente, quando existe, é de 90 dias. Isto significa que, até ter decorrido esse período, o seguro não pode ser utilizado. No entanto, por exemplo para o parto,
o período pode ir até um ano e meio.

Idade

A maioria das companhias de seguros não aceitam novas adesões de quem tem mais de 55 anos e não renova o seguro quando se chega aos 65. Informe-se sobre as condições de cada apólice.

 

Escolha o melhor seguro

Seguro reembolso

Se a sua intenção é escolher os médicos, os hospitais e as clínicas onde é assistido, opte por um seguro de reembolso. É válido para quem mora longe dos grandes centros urbanos, onde o número de prestadores de serviços associados à rede de cuidados da seguradora é mais limitado. Primeiro, o consumidor paga tudo do seu bolso mas, mais tarde, pode reaver uma boa parte se apresentar à companhia os recibos ou faturas.

Seguro de assistência

Se mora na cidade ou nos arredores, opte por um seguro de assistência. Caso recorra aos profissionais e às instituições da rede de cuidados médicos da companhia, esta paga quase
a totalidade das despesas abrangidas pelo seguro, até
ao limite de capital contratado. Se tiver de ir a outras zonas do país, fica limitado na escolha dos médicos ou pode correr o risco de não encontrar nenhum da companhia.

Seguro misto

Estes são mais flexíveis, pois permitem optar pela rede
de cuidados médicos da seguradora ou por serviços fora da rede. É o segurado quem decide o que mais lhe convém em cada momento.