Os adeptos do Liverpool, no final do jogo com o Barcelona, confirmada a vitória dos ingleses sobre os catalães por 4-0 e a passagem à final da Liga dos Campeões, proporcionaram um espetáculo ainda mais extraordinário do que aquele com que a equipa de Jürgen Klopp nos contemplou nos 90 minutos anteriores.
Com todos a entoarem afinadamente o mais belo dos cânticos futebolísticos – “You will never walk alone Liverpool” (que já de si é um exemplo de desportivismo, porque eles cantam-no mesmo quando perdem) -, aquele momento foi arrepiante. Mais ainda porque ninguém arredou pé com o apito final do árbitro, nem mesmo os poucos milhares de catalães que estavam no lotado estádio de Anfield Road. Foi tão esmagador que até mesmo eles não resistiram a aplaudir os vencedores.
Foram momentos únicos que vale a pena rever.
Rever e recordar, como exemplo.
O futebol inglês passou por uma fase terrível, marcada pelo hooliganismo e pela violência extrema associada ao fenómeno desportivo.
Mas redimiu-se. Com uma justiça eficaz, célere e atuante, com a proibição das claques e com o afastamento dos estádios de provocadores e agressores.
Os campos estão permanentemente lotados, os árbitros são obrigatoriamente respeitados – os dirigentes, treinadores e jogadores são efetivamente castigados quando pisam o risco -, nos programas televisivos comenta-se e discute-se futebol, técnica e taticamente. Os protagonistas são os jogadores e os treinadores.
Dá gosto. Assim dá gosto.
Como dá gosto ver os confrontos entre gigantes que lutam pelos títulos nacionais na Velha Albion e agora estão de regresso ao topo do futebol europeu (não é à toa que tanto na Champions como na Liga Europa, os clubes ingleses chegaram onde chegaram), ou até entre clubes do meio da tabela para baixo.
Porque eles jogam à bola. Eles não estão ali para se atirar para o chão, fazer fita, para refilar com o árbitro ou com o juiz de linha por tudo e por nada, nem para demorar uma eternidade a repor a bola em jogo ou para magoar o adversário; eles estão ali para jogar à bola, profissionalmente.
E a bola rola durante muito mais tempo durante os mesmos 90 minutos.
Claro que também há erros de arbitragem e episódios menos positivos. Faz parte.
Mas a bola é para ser jogada. E se eles jogam…
Pena que não lhes sigamos os bons exemplos e os deixemos caminhar sozinhos. Porque eles é que estão no rumo certo, triunfantes.