10 anos de i. O maior desafio é o crescimento económico

10 anos de i. O maior desafio é o crescimento económico


Começando pelo país, a minha maior preocupação é a estabilidade política. Ou seja, receio que nos próximos anos, com a degradação do sistema político e com o surgimento de novos partidos como estão agora a surgir, haja uma certa pulverização partidária e seja muito mais difícil do que tem sido até agora ter estabilidade política.…


Começando pelo país, a minha maior preocupação é a estabilidade política. Ou seja, receio que nos próximos anos, com a degradação do sistema político e com o surgimento de novos partidos como estão agora a surgir, haja uma certa pulverização partidária e seja muito mais difícil do que tem sido até agora ter estabilidade política. E, sem estabilidade política, o país tem muito mais dificuldade em crescer, ser competitivo e aproximar-se dos níveis europeus. Esta é a minha maior preocupação. O grande desafio e que vejo com alguma confiança é o desafio do crescimento económico. Portugal tem hoje um problema: está a crescer mais do que a média europeia? É verdade. Mas tem o problema sério de que está a crescer menos do que os países que são do nosso campeonato. O que significa que estamos cada vez mais a ficar na cauda quer da União Europeia, quer da zona euro. Penso que o grande desafio que se coloca à próxima década é este desafio do crescimento, de Portugal inverter esta tendência, passar a ter um crescimento ao nível daqueles que são os seus parceiros tradicionais e, com isso, daqui a dez anos estarmos, em termos de ranking europeu, melhor do que estamos hoje. E, com isso, o país ser mais rico, justo e solidário.

Vejo também o mundo atual com bastantes preocupações. Tenho mais preocupações do que relativamente a Portugal. Uma delas é o risco do reforço dos populismos. Este é um risco muito sério e que pode agravar-se no futuro. É o risco das guerras comerciais, que criam grande incerteza e instabilidade, perturbando o crescimento económico mundial. É o risco do recrudescimento de conflitos militares à escala regional em várias regiões do mundo, o que levanta problemas sérios de segurança – e a segurança compromete o crescimento económico. É a preocupação com o facto de o mundo, hoje, já não ser bipolar, mas multipolar. Tem muitos polos e  o problema é não haver instâncias, entidades ou organismos à escala global capazes de fazer a regulação deste mundo multipolar.

E, finalmente, a questão das alterações climáticas. Sou muito sensível a esta matéria, este é um problema muito sério! Não é nenhuma invenção, como diz o Presidente norte-americano [Donald Trump]. Os exemplos veem-se todos os dias e receio que não haja real vontade política dos governos, sobretudo daqueles que têm maior intervenção nesta matéria, para empreender as medidas que são necessárias para inverter esta escalada do aquecimento global.

Luís Marques Mendes 
Ex-líder do PSD, comentador