O Ramadão começou no domingo, mas nem por isso a guerra civil líbia dá sinais de abrandar. Quase 200 pessoas morreram na mais recente onda de confrontos na periferia de Trípoli, sede do governo apoiado pelas Nações Unidas, e outras mil ficaram feridas. Agora, o senhor da guerra e general Khalifa Haftar instou as suas tropas a combaterem com ainda mais afinco para darem uma lição ainda maior aos inimigos – ou seja, às forças do governo apoiado pelas Nações Unidas
“Oficiais e soldados das nossas forças armadas e forças auxiliares, saúdo-vos nestes dias gloriosos e insto-vos, com a vossa força e determinação, a ensinarem ao inimigo uma lição ainda maior que as anteriores, como nós sempre soubemos que fariam até o arrancarem da nossa amada terra”, disse Haftar numa gravação áudio divulgada entre as tropas. De seguida, o general recusou interromper os combates durante o Ramadão: “As nossas batalhas contra o terrorismo em Bengasi e Derna não vão parar no mês santo do Ramadão, mas aumentará a nossa determinação e força neste mês santo”.
Esta posição contrasta com a das Nações Unidas, que não tem parado de apelar a tréguas e para que se respeite o Ramadão, entre 5 de maio e 4 de junho. Enquanto a organização internacional emitia mais um comunicado no domingo, podiam ouvir-se, diz a Reuters, disparos de artilharia na periferia de Trípoli.
Os combates entre as forças de Haftar e as do governo apoiado pelas Nações Unidas duram há um mês. Já causaram cerca de 400 mortos no total e obrigaram à deslocação de 50 mil pessoas – além da destruição na cidade, com aviões a bombardearem o aeroporto e cargas de artilharia a destruírem edifícios, por exemplo.
Com a guerra civil, o extremismo islâmico ganhou espaço de manobra, algo para o que o governo de Trípoli já tinha alertado: “Desde a ofensiva contra Trípoli que avisámos que os únicos beneficiados são grupos terroristas e o que está a acontecer vai dar-lhes terreno fértil para recomeçarem as suas atividades”.
Na semana passada, uma base das forças de Haftar foi atacada por militantes do Estado Islâmico, que há muito tenta implantar-se no país. Na sequência de um assalto, nove soldados do general foram mortos, dos quais alguns degolados e outros “mortos a tiro”, segundo Hamed al- -Khayali, presidente da Câmara de Sebha, onde a base se localiza, em declarações à AFP.
Derrotado na Síria e Iraque, o Estado Islâmico está à procura de uma nova base de operações onde possa organizar novos atentados contra a Europa e conquistar terreno para reconstruir o califado.