“É urgente implementar uma nova forma de tratamento” da lombalgia

“É urgente implementar uma nova forma de tratamento” da lombalgia


Coordenador de um estudo português revela ao i que novo modelo permitirá reduzir custos e personalizar o tratamento de cada doente.


O modelo de tratamento que os centros de saúde e hospitais aplicam atualmente aos utentes que sofrem com lombalgia tem de ser mudado. A recomendação parte de Eduardo Cruz, coordenador de um estudo – elaborado pela Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, a NOVA Medical School/Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, e o ACES Arrábida – apresentado no XXI Congresso Português de Reumatologia.

Os resultados do trabalho não são muito animadores e, por isso, “é urgente implementar uma nova forma de tratamento e de abordagem destas pessoas”, diz ao i o especialista.

Dos 116 utentes que participaram na investigação, menos de metade conseguiram recuperar das dores dois meses depois de terem iniciado o tratamento. Ao ser aplicado um tratamento, “é suposto haver uma melhoria”, defende o investigador, acrescentando que “os números que estamos a encontrar na resposta que existe são muito fracos”.

Esta doença é mais prevalente em Portugal e é a “principal causa de incapacidade do mundo”, sublinha Cruz, acrescentando que, em Portugal, 26,4% das pessoas sofrem de dor lombar e cerca de 10% têm lombalgia crónica. Analisado o fraco alcance da resposta atual, o desafio passa por criar uma “resposta minimamente estruturada” que melhore a qualidade de vida dos doentes.

 

Fisioterapia à medida

A solução, explica Eduardo Cruz, passa pela implementação de um novo modelo de resposta aos casos de lombalgia. Durante os próximos nove meses, um novo tipo de intervenção será posto à prova para que se recolham dados. A estimativa é que, em outubro, os investigadores já possam comparar os resultados com a prática atual nas unidades de saúde. E a expectativa para os resultados do novo modelo é muito positiva, afirma Eduardo Cruz.

Segundo o coordenador, no modelo atual “qualquer pessoa que tenha uma dor lombar” e se dirija até ao centro de saúde “recebe o mesmo tipo de tratamento” que um utente que sofra com dores lombares crónicas. “O novo modelo tem um instrumento de triagem que classifica as pessoas em graus de risco”, explica. As pessoas são classificadas em baixo risco, médio risco e alto risco e cada classificação determina quantas sessões de fisioterapia devem receber, completa o investigador.

O objetivo é simples: “Reduzir a proporção de pessoas que, após um episódio de lombalgia aguda, passam a ter lombalgia crónica”, defende. As vantagens são várias. Segundo o especialista, esta nova resposta permitirá personalizar o tipo de tratamento a aplicar a cada doente consoante as suas necessidades. Além disso, os custos gerados com os tratamentos também serão reduzidos, uma vez que a percentagem de pessoas que necessita de muitas sessões de fisioterapia é baixa, diz. “Neste momento há pessoas que só precisam de uma sessão e estão a receber 15 ou 20”, esclarece.

 

Como combater a doença

A lombalgia manifesta-se com uma dor ao fundo das costas, “muito intensa e incapacitante”, descreve Eduardo Cruz. Para prevenir complicações, o doente não deve “ficar com medo de se mexer” – deixar de fazer qualquer tipo de movimento só agravará a condição. O especialista deixa outras duas recomendações: deve ser evitado o levantamento de pesos e as pessoas devem seguir um estilo de vida mais saudável para prevenir o aparecimento da dor lombar.