O Governo português apelou a “uma solução pacífica” na Venezuela. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, garantiu, em declarações à agência Lusa, que, “politicamente, Portugal mantém o apoio a uma solução pacífica e política na Venezuela, que passa necessariamente pela convocação de novas eleições”.
O Governo está a acompanhar de perto os acontecimentos naquele país e pediu prudência à comunidade portuguesa. “Os conselhos são no sentido de solicitar aos cidadãos que evitem comportamentos imprudentes. Devem ter todo o cuidado e, se possível, evitar os lugares de maior afluxo e concentração, na medida em que o evoluir da situação pode provocar grave insegurança”, disse o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro. Ao final da tarde de ontem, o governante informou que “não há registo de portugueses que tenham sido objeto de qualquer tipo de violência”.
Ao i, Paulo Pisco, coordenador do PS na Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, diz esperar que “haja uma transição pacífica que possa dar origem a eleições livres”. O deputado socialista defende que “é preciso pôr fim ao inferno que se vive na Venezuela” e classifica a posição de Nicolás Maduro como “insustentável porque o mais sensato era ele perceber que tem de sair de cena”.
Paulo Pisco tem feito contactos com portugueses na Venezuela e os relatos que recebe são de uma situação “muito confusa”, mas considera que “não podemos esquecer que, nos últimos anos, a situação económica, social e política da Venezuela em nada melhorou”.
O PSD também defende que as movimentações militares devem dar lugar à realização de eleições. Rui Rio considera que a situação na Venezuela é “insustentável” e espera que seja possível, “sem violência, realizar eleições livres e começar uma vida nova”.
Do lado do CDS, Assunção Cristas defendeu que o regime “chegou ao seu limite”. Para a líder dos centristas, Nicolás Maduro “ultrapassou tudo aquilo que seria minimamente aceitável, com gravidade muito grande para toda a população, deixando ao abandono e à miséria uma população imensa onde, além do mais, estão 400 mil portugueses e lusodescendentes”.
PCP CONDENA GOLPE O PCP condenou as movimentações militares desencadeadas por Juan Guaidó. Num comunicado divulgado a meio da tarde, os comunistas condenam “veementemente a nova intentona golpista contra a Venezuela e o seu povo, protagonizada por forças de extrema-direita responsáveis por ações de grande violência, com o apoio de um grupo de militares e o suporte da Administração norte-americana de Trump e de governos reacionários do chamado Grupo de Lima”.
O PCP defende ainda que o Governo português deveria “condenar a ação golpista e rejeitar a constante ingerência e operação de desestabilização e subversão de que são alvo a Venezuela e o seu povo”. Jerónimo de Sousa, confrontado com os acontecimentos naquele país, considerou que podem “ser mais um episódio em que fique tudo em águas de bacalhau”. O ex-deputado comunista Miguel Tiago foi mais longe e escreveu, nas redes sociais, que “se o povo vencer e o golpe fracassar, espero que o povo condene estes traidores ao merecido destino”.
A coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu que é preciso “arranjar uma solução pacífica e pôr o povo venezuelano em primeiro lugar”. Os bloquistas, em comunicado, condenam “toda e qualquer tentativa de ingerência externa e de provocação militarista” e manifestam preocupação com “a escalada do conflito promovida por atores externos à Venezuela”.