No caso dos professores nota-se que é no arranque do ano ou em época de exames…
Os professores travam as coisas na data dos exames. Vamos ver o que vai acontecer este ano. É ano de eleições e o tic-tac do relógio está a contar no sentido de se criarem problemas graves na educação quando chegarmos à altura dos exames finais. E aí vai ser dramático. Prevejo que os pais dos jovens que estejam em períodos de exames vão sofrer muito e não vão achar piada nenhuma porque vão ver o seu planeamento todo desfeito. Aquela coisa organizada das viagens, das casas, etc., fica tudo estragado. Se os exames forem adiados esfanicam as férias e acredito que os professores vão jogar com isso. E o Governo das duas uma: ou vai ter centenas de milhares de famílias desagradadas ou vai ter de lhes dar o dinheiro.
Mas tem havido alguma resistência por parte do ministro das Finanças em ceder…
O ministro das Finanças é um ‘mão-de-vaca terrível’ e tem mostrado isso. Não abre mão de nada e é isso que faz cumprir o défice, que é o seu objetivo. Mesmo que António Costa lhe diga: ‘Olha que há mais vida para além do défice’. Quando daqui a 20 anos olharmos para trás e formos ver as contas vamos ver que houve basicamente um objetivo e que foi mantido como o objetivo de Portugal: a redução do défice. O objetivo não é dar rendimento às pessoas, esse é um objetivo que se cumpre com determinadas condições, como preferir fazer despesa para dar rendimento às pessoas do que optar pelo investimento público.
A única tarefa que o ministro fez neste mandato foi só essa?
Não, esse foi o seu objetivo. Se virmos o gráfico dos défices é muito engraçado: aquilo é uma linha reta. E só é uma linha reta porque há uma manutenção de uma estratégia. Nas outras variáveis não é assim, não são consistentes como essa.
Acha que Mário Centeno está disponível para manter a pasta caso o PS vença as eleições?
Acho que ele quer mesmo é saltar daqui para fora.
Leia a entrevista na íntegra na edição de fim de semana do i, já nas bancas