Elon Musk. O caso dos tweets pode chegar hoje ao fim

Elon Musk. O caso dos tweets pode chegar hoje ao fim


Será anunciado hoje se o empresário sul-africano e a Comissão de Títulos e Câmbio dos EUA chegaram a acordo em relação à polémica dos tweets.


A conta oficial de Elon Musk no Twitter tem dado muitas dores de cabeça tanto à Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos da América (SEC) e à própria Tesla, mas a batalha judicial parece estar a chegar ao fim: o CEO da empresa de produção de carros e a agência federal norte-americana tem até hoje para chegar a acordo quanto à forma como Musk utiliza a sua conta naquela rede social.

No passado dia 19, a juíza Alison Nathan estendeu o prazo para um acordo entre as partes até ao dia 25 de abril, após um requerimento apresentado tanto pela SEC como por Musk.

Tudo começou no ano passado, a 7 de agosto, quando Tusk publicou um tweet que gerou muita confusão. O CEO garantiu que tinha “financiamento garantido a 420 dólares por share” que permitiria à Tesla sair da bolsa. A agência norte-americana argumenta que a publicação violou as leis de valores mobiliários e que o plano de privatização de Musk estava, no máximo, numa fase embrionária, sem que existissem quaisquer garantias de sucesso.

Pouco tempo depois, as ações da Tesla subiram 11%, mas, em agosto, e perante o ceticismo dos investidores, Musk retirou o que disse. A SEC decidiu então investigar o que se estava a passar.

Em setembro, a Tesla emitiu um comunicado sobre o assunto para tentar acalmar os ânimos: “No mês passado, após o anúncio de Elon de que considerava tornar a empresa privada, a Tesla recebeu um pedido voluntário de documentos da SEC”. “Não recebemos uma intimação, um pedido para depor ou outro pedido formal. Respeitamos o desejo do Departamento de Justiça de obter informação sobre este assunto e acreditamos que o assunto deve ser resolvido rapidamente uma vez revista a informação que receberam”.

Mas nada valeu à empresa: assim que se soube que as autoridades estavam a investigar os tweets de Musk, as ações da Tesla caíram mais de 7% e o valor da empresa diminuiu drasticamente. A SEC avançou com um processo em tribunal e exigiu que Musk fosse proibido de exercer o cargo de CEO em empresas de capital aberto, mas, dois dias mais tarde, as partes chegaram a acordo: Musk e a Tesla tiveram de pagar uma multa de 20 milhões de dólares cada e o empresário foi obrigado a abandonar o posto de charman da empresa, permanecendo apenas como CEO.

Nova queixa

No mesmo acordo ficou decidido que a Tesla iria supervisionar tudo o que Musk publicasse no Twitter. Mas a verdade é que ninguém na empresa estava a controlar o que o CEO publicava. Em dezembro, numa entrevista ao programa da CBS 60 Minutos, o empresário confirmou que, até ao momento, nenhum dos seus tweets tinha sido censurado. “Que fique bem claro, eu não tenho qualquer respeito pela SEC”, afirmou durante a entrevista.

Esta postura foi vista pela agência federal norte-americana como uma declaração de guerra – assim que houve oportunidade, a SEC arranjou forma de voltar a processar Elon Musk. Essa oportunidade surgiu em fevereiro deste ano. No dia 19, Musk tweetou o seguinte: “A Tesla fez zero carros em 2011, mas vai fazer 500 mil em 2019”. Quatro horas depois, o empresário corrigiu a publicação, escrevendo que a produção chegaria “provavelmente” aos 500 mil carros no final do ano, totalizando as entregas do ano em 400 mil.

Este foi o tweet que levou a SEC a avançar com uma nova ação judicial, dizendo que Musk violou o acordo feito com a agência no final do ano anterior. Hoje é a data limite para Elon Musk e a SEC chegarem a acordo quanto às sanções a serem aplicadas ao CEO da Tesla – se as partes não chegarem a um entendimento, a agência Reuters diz que a juíza Alison Nathan irá dar razão à queixa apresentada pela agência federal.

O drama da canábis

Elon Musk é visto como um prodígio por muitos – além da Tesla, o empresário sul-africano fundou vários negócios de sucesso, como a empresa de naves espaciais SpaceX, a plataforma de pagamentos PayPal e a construtora de túneis Boring Company. Mas Musk é também uma dor de cabeça para os acionistas.

Mas a Tesla é a que mais tem sofrido com as polémicas em torno do seu CEO. Além do caso dos tweets, a que causou mais estragos foi a presença no podcast The Joe Rogan Experience, em setembro de 2018. As publicações do empresário nas redes sociais já estavam a fazer correr muita tinta e a imprensa andava atenta a todos os seus movimentos.

Em apenas cinco dias, o podcast já tinha registado mais de 10 milhões de visualizações – muitas delas se devem ao momento em que Musk decidiu fumar um cigarro de canábis oferecido por Rogan. O incidente – e a repercussão na imprensa – teve efeitos imediatos: as ações da Tesla desceram repentinamente.

Na entrevista ao 60 Minutos, Musk frisou que não tem por hábito fumar canábis: “Não o faço. Qualquer pessoa que vê o podcast percebe que eu não faço ideia como se fuma um charro”.