A unidade especial de que Mathieu Shamavu faz parte defende os animais de caçadores furtivos e traficantes. O site do Parque Nacional de Virunga refere mesmo que a equipa de 600 guardas “passa por um treino intensivo e arrisca a vida diariamente para proteger a vida selvagem excecional do parque”.
E a verdade é que estes guardas arriscam, de facto, a sua vida. Basta atender aos números: desde 1996, há registo de mais de 170 guardas assassinados em Virunga – seis dos quais no ano passado, vítimas de uma emboscada perpetrada por rebeldes. Na República Democrática do Congo, especialmente na zona leste, proliferam os conflitos entre forças do governo e grupos armados, que acabam por pôr em causa a preservação dos animais e dificultam o trabalho dos guardas: estes grupos ocupam os parques florestais, caçam os gorilas e ameaçam os trabalhadores que tentam proteger as espécies – mas também os turistas que visitam o espaço –, o que resulta muitas vezes em graves confrontos.
Ainda em maio do ano passado, dois cidadãos britânicos foram raptados em Virunga, num raide criminoso que resultaria na morte de uma guarda – Rachel Masika Baraka, de 25 anos, foi internada devido a ferimentos provocados por armas de fogo, acabando por falecer poucas semanas depois. “A extração ilegal de recursos naturais do parque gerou mais de 170 milhões de dólares em 2017. Representa uma das maiores fontes de receitas das milícias armadas nesta região. A onda de violência é a maior da última década”, assumiu então Emmanuel De Merode, diretor do Parque de Virunga desde 2008.
Em abril do ano passado ocorreu ainda outra morte de um guarda, mas por motivos diferentes: Hakizimana Sinamenye Chadrack, de 38 anos, caiu dentro de um tanque ao levar um encontrão de um hipopótamo e não resistiu.