A Polícia Judiciária está a investigar a hipótese de ter havido dolo ou negligência na queda de uma grua no passado sábado na zona das Fontainhas, Porto. Ao que o i apurou, algumas fontes terão alertado para o facto de a estrutura estar presa apenas por duas cavilhas e não por quatro, como seria de esperar, além de que a estrutura não estava devidamente suportada por “sapatas” adequadas. Deste acidente resultaram danos em nove habitações, obrigando ao realojamento de uma família.
Ao i, Albano Ribeiro, presidente do Sindicato da Construção de Portugal, garante que em causa está uma “negligência grosseira”, dando um exemplo: “Uma pessoa que tenha dois metros de altura não pode calçar o 32, não dá”.
O sindicato que garante ter fotos comprometedoras de como a estrutura foi montada e dos alegados erros cometidos vai dar hoje uma conferência de imprensa para denunciar diversas situações e anunciar uma proposta para por fim a este tipo de acidentes – recorde-se que em fevereiro o Porto tinha sido palco da queda de uma outra grua.
O que é preciso analisar primeiro é o lastro, ou seja o terreno, para ver se aguenta ou não a grua. “As sapatas são a parte que assenta no chão e que são presas por cavilhas”, continua Albano Ribeiro, afirmando que caso a proposta que hoje será apresentada se materialize não se repetirão situações como a de sábado ou a de fevereiro e assim será possível evitar mortes no futuro: “À terceira pode ser de vez e provocar mortes”.
O alerta da queda de uma grua na Rua da Corticeira, na zona das Fontainhas, foi dado no sábado pouco antes das 14h tendo logo sido referido pelo Comando Distrital de Operação de Socorros (CDOS) do Porto que não havia qualquer vítima – quatro das nove casas atingidas estão devolutas – e que apenas uma família tinha ficado desalojada.
Mais tarde foi a vez de fonte oficial ter confirmado à Lusa que a grua estava a ser operada junto a um prédio que estava a ser totalmente remodelado, não havendo ainda qualquer explicação para o que tinha acontecido.
Rui Moreira aperta o cerco às gruas do Porto O presidente da Câmara Municipal do Porto anunciou na tarde de sábado que será feita uma fiscalização por parte dos serviços da autarquia a tudo o que está a acontecer com as gruas instaladas na Invicta, sendo que até lá nenhuma poderá ser instalada, até que esta análise seja concluída e se retirem conclusões. Segundo o JN, a atribuição de licenças para obras ficará, por esse motivo, condicionada à necessidade de serem ou não instaladas gruas.
Apesar de a grua que caiu este sábado estar em terreno privado e de os responsáveis terem garantido que tudo estava de acordo com as normas, Rui Moreira considerou que é preciso fazer mais, até, porque, diz: foi “uma sorte” não ter morrido ninguém.
“É a segunda vez, e isso causa-nos preocupação, num curto espaço de tempo”, assegurou Rui Moreira, lembrando que já a 10 de fevereiro uma outra grua havia caído no Porto. Desse outro acidente, na Rua da Torrinha, também não tinham resultado vítimas.
Segundo o presidente do do Sindicato da Construção de Portugal, a queda da grua de fevereiro, também da mesma empresa da que agora caiu, poderia ter sido evitada, ainda que os problemas que estiveram na base daquele outro acidente tenham sido outros.