Os jornalistas da Reuters Wa Lone e Kyaw Soe Oo, presos no Myanmar, receberam um prémio Pulitzer de 2019, na categoria de reportagem internacional, pela sua investigação às sangrentas expulsões em massa da etnia rohingya. É exatamente por esse motivo que estão detidos há mais de um ano, por noticiarem o massacre de 10 rohingyas, incluindo crianças, na aldeia de Inn Din, no coração do estado de Rahkine.
Foi aí que Wa e Kyaw encontraram uma vala comum, com ossos a sair do chão, obtendo fotos devastadoras dos 10 cadáveres mutilados e marcados por balas. Iniciaram o trabalho de registar os relatos de testemunhas, vítimas e executores, sendo detidos pelas autoridades em dezembro de 2017, antes de acabarem a história, que foi terminada por colegas. Wa e Kyaw foram condenados a sete anos de prisão por porem em risco a segurança nacional do Myanmar.
O comité do Pulitzer reconheceu o trabalho da equipa ao “expor as unidades militares e aldeões budistas responsáveis pela sistemática expulsão e assassinato de muçulmanos rohingyas do Myanmar. Uma cobertura corajosa que os levou à prisão.” O Governo do Myanmar, liderado por Suu Kyi – que em tempos chegou a receber um prémio Nobel da paz – tem negado o genocídio em curso, apesar de as Nações Unidas assegurarem que o exército violou, matou e torturou milhares de rohingyas nos últimos anos, levando mais de 700 mil pessoas a fugir para o Bangladesh.
A antiga Nobel da paz rejeitou qualquer investigação independente ao genocídio, continuando a afirmar que todos os cidadãos birmaneses são iguais aos olhos da lei. Apesar de o líder da missão da ONU no país, Marzuki Darusman, ter assegurado: “Nunca fui confrontado com crimes tão horrendos e a uma escala tão grande como estes”.