Seis agrupamentos de escolas do país – em Odivelas, Ponte de Lima, Paredes, Leiria, Rio Maior, Santarém e Sesimbra – decidiram reorganizar o calendário escolar em semestres em vez dos comuns três períodos – tendo em conta a autonomia de que dispõem. No fundo, estas escolas continuam a fazer as pausas letivas nas mesmas alturas que os outros estabelecimentos de ensino, o que muda é a forma de avaliação dos alunos: as disciplinas passam a estar divididas em duas partes e os professores não são obrigados a lançar as notas no final de cada período, tendo apenas de o fazer duas duas vezes por ano, ou seja, no final de cada semestre, como noticiou ontem o DN.
O projeto tem ganho força e mostrado ser eficaz. Quem o diz é Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), que em declarações ao i, defendeu que este modelo ajuda a aumentar a motivação dos alunos e consequentemente a taxa de sucesso escolar. E dá o exemplo: Um aluno que “tira no primeiro período um nível dois e no segundo período outro nível dois” vai entrar no terceiro período “desmotivadíssimo”, porque sabe que este período é mais curto e depois de “dois períodos grandes negativos dificilmente” conseguirá subir para positiva. E o mesmo se aplica a alunos que tenham acabado os dois primeiros períodos com nível três, porque feitas as contas no final o “aluno sabe muito bem que já passou de ano”. Neste caso o estudante vai “estar desmotivado porque não tem nada a perder”, admite.
Esta desmotivação, além de afetar o desempenho escolar, poderá também gerar situações de indisciplina, considera Filinto Lima.
Além da questão das avaliações, o responsável defende que este modelo semestral fará com que os períodos de aulas sejam equivalentes. “Os períodos semestrais teriam um semestre com o mesmo número de aulas do que o segundo semestre”, diz, acrescentando que atualmente os “períodos são bipolares”. “Temos o terceiro período – que começa agora a 23 de abril – com 30 dias de aulas, tivemos um segundo período com 64 dias de aulas, mais de metade do que o terceiro, e um primeiro período com 66 dias de aulas”, explica. “Desde logo íamos ter períodos mais equilibrados”, completa.
Para que as escolas possam adotar este modelo têm de respeitar os períodos de férias. Segundo Filinto Lima, os períodos de pausa de Natal, Páscoa e Carnaval têm sempre de existir independentemente do modelo adotado pela escola. E depois têm de ser feitos dois momentos altos de avaliação, que, de acordo com o responsável, seriam realizados no final de cada semestre – em janeiro no primeiro semestre e em junho no segundo.
“A meio de cada um desses semestres existiria também uma avaliação intercalar” para os alunos e os encarregados de educação saberem em que patamar se encontram os conhecimentos, defende.
“Não podemos ficar eternamente reféns ao período de quando é a Páscoa”, admite. “Ora é muito cedo e os períodos são mais ou menos equilibrados ou é muito tarde e os períodos são como este ano, em que o terceiro período é anão”, acrescenta.
Contactada pelo i, fonte do Ministério da Educação revelou que para já estão a ser avaliadas “as experiências correntes de semestralização para equacionar a sua possível extensão, sempre enquadrada em projetos integrados de reforço da avaliação formativa”.