Os ventos da Primavera Árabe deixam um rasto de tempestade


Os ventos de mudança que começaram a soprar no norte de África em 2010 – e que ficaram conhecidos como Primavera Árabe – foram recebidos com aplausos no Ocidente.


Os analistas, embevecidos com o efeito das novas tecnologias (recordemos que muitas manifestações foram convocadas através de redes sociais), vaticinavam que dali em diante regimes democráticos substituiriam pacificamente as ditaduras vigentes e que os povos seriam finalmente libertados.

Acontece que os otimistas têm tendência para se esquecer de uma coisa: é que as mudanças nem sempre são para melhor. E podem até correr muito mal.

Veja-se o caso da Líbia. Os tais ventos de mudança foram aproveitados para derrubar um coronel idiossincrático e incómodo, que acabou por ser localizado num esgoto e abatido a tiro.

Kadhafi podia ser um facínora – e provavelmente era mesmo, apesar de durante muito tempo ter gozado da tolerância da Europa. Mas tirá-lo à força do poder através de uma intervenção militar foi um ato irrefletido que tinha tudo para dar errado.

Qualquer biólogo poderia explicar isso melhor do que eu: quando, na natureza, se elimina uma espécie, todo o equilíbrio do ecossistema fica desestabilizado. No caso de desaparecer o maior predador da cadeia alimentar, outras espécies que ele controlava ou punha em sentido ficam com rédea solta para fazer estragos. Neste caso os estragos chamam-se caos, ingovernabilidade e guerra civil sem fim à vista.

Mas há pior: é que esta onda de revoltas ameaça alastrar a países que, não sendo perfeitos aos olhos das democracias ocidentais, tinham encontrado o seu ponto de equilíbrio. Como o reino de Marrocos, que faz fronteira com Espanha e está mesmo aqui ao virar da esquina. Com 35 milhões de habitantes, 99% dos quais muçulmanos, esperemos que tão depressa não mude de estação. É que esta Primavera Árabe tem semelhanças assustadoras com uma tempestade.

Os ventos da Primavera Árabe deixam um rasto de tempestade


Os ventos de mudança que começaram a soprar no norte de África em 2010 – e que ficaram conhecidos como Primavera Árabe – foram recebidos com aplausos no Ocidente.


Os analistas, embevecidos com o efeito das novas tecnologias (recordemos que muitas manifestações foram convocadas através de redes sociais), vaticinavam que dali em diante regimes democráticos substituiriam pacificamente as ditaduras vigentes e que os povos seriam finalmente libertados.

Acontece que os otimistas têm tendência para se esquecer de uma coisa: é que as mudanças nem sempre são para melhor. E podem até correr muito mal.

Veja-se o caso da Líbia. Os tais ventos de mudança foram aproveitados para derrubar um coronel idiossincrático e incómodo, que acabou por ser localizado num esgoto e abatido a tiro.

Kadhafi podia ser um facínora – e provavelmente era mesmo, apesar de durante muito tempo ter gozado da tolerância da Europa. Mas tirá-lo à força do poder através de uma intervenção militar foi um ato irrefletido que tinha tudo para dar errado.

Qualquer biólogo poderia explicar isso melhor do que eu: quando, na natureza, se elimina uma espécie, todo o equilíbrio do ecossistema fica desestabilizado. No caso de desaparecer o maior predador da cadeia alimentar, outras espécies que ele controlava ou punha em sentido ficam com rédea solta para fazer estragos. Neste caso os estragos chamam-se caos, ingovernabilidade e guerra civil sem fim à vista.

Mas há pior: é que esta onda de revoltas ameaça alastrar a países que, não sendo perfeitos aos olhos das democracias ocidentais, tinham encontrado o seu ponto de equilíbrio. Como o reino de Marrocos, que faz fronteira com Espanha e está mesmo aqui ao virar da esquina. Com 35 milhões de habitantes, 99% dos quais muçulmanos, esperemos que tão depressa não mude de estação. É que esta Primavera Árabe tem semelhanças assustadoras com uma tempestade.