Obrigado, Benjamin Netanyahu: um estadista notável que quer regressar ao futuro


O Estado de Israel é recente, face à marcha da História; mas a nação israelita é antiga. O Estado de Israel, por outro lado, já é um facto inscrito na história que foi; porém, lá nas ruas de Telavive ou de Jerusalém, já se sente a história que irá escrever-se no futuro.


1. Hoje cumpre-se mais uma etapa deveras relevante na história do Estado de Israel. Uma história ainda curta em extensão cronológica, mas longa em resiliência, em conquistas democráticas e avanços económicos e sociais. Numa região do globo particularmente hostil e intolerante, Israel logrou afirmar-se como um Estado tolerante; numa zona geopolítica em que se despreza a democracia, Israel mostrou ser possível ter um código genético democrático; enfim, perante um conjunto de vizinhos que preferem gastar o dinheiro na disseminação do ódio e da destruição, Israel optou por investimento no desenvolvimento económico, na modernização, na ciência e na inovação, afirmando-se atualmente como um “Estado startup”. O Estado de Israel é recente, face à marcha da História; mas a nação israelita é antiga. O Estado de Israel, por outro lado, já é um facto inscrito na história que foi; porém, lá nas ruas de Telavive ou de Jerusalém, já se sente a história que irá escrever-se no futuro.

2. O dia de hoje – em que se discute o futuro político do Estado (que é judaico na sua génese, na sua vocação e na aspiração histórica da sua nação, conquanto pluralista e ecuménico na sua vivência) de Israel – será certamente mais uma demonstração da vitalidade e da energia da única democracia do Médio Oriente; Israel dará mais uma demonstração inequívoca de que apenas os inimigos da liberdade poderão traçar qualquer equivalência moral entre este Estado democrático e as outras realidades políticas que apenas vivem do, para e pelo ódio, pelo terror e pela difusão da mensagem de morte. Talvez seja isto que incomoda tanto a esquerda portuguesa: eleições livres. Por nossa parte, estaremos sempre do lado de Israel, porque aí sabemos que quem mais ordena é o seu povo; estaremos sempre contra qualquer país naquela região do globo (ou em qualquer outra) onde quem mais ordena são as oligarquias do terror, financiado por dinheiro dos contribuintes dos Estados-membros do multilateralismo (infelizmente, cada vez mais obsoleto e corrompido) da ONU. Combateremos sempre – mas mesmo sempre – as “terrorocracias” do Hamas, do Líbano do Hezbollah ou do regime dos aiatolas do Irão.

3. Refira-se, porque aqui se justifica, saudando-se, a decisão corajosa e certeiríssima do Presidente Donald Trump de qualificar a Guarda Revolucionária do Irão como uma organização terrorista: se promovem o terrorismo, se financiam o terrorismo, se vivem do e para o terrorismo, então – consequência lógica e inevitável – são terroristas. E o direito (mormente o direito internacional, pese embora a nossa esperança nas suas virtualidades – em função da sua manipulação política – seja progressivamente menor) não pode ignorar os factos evidentes que nos são apresentados quotidianamente. Felizmente, o mundo livre conta com um líder em Washington – o Presidente Donald Trump – de comprovada coragem e bom senso contra as banalidades e inoperâncias do atual multilateralismo da fantasia e do permanente engodo. Contra esta ONU que aceita que alguém de um país onde as mulheres são tratadas como objetos e onde os homossexuais são sumariamente executados em virtude das suas opções individuais preenche os requisitos mínimos para liderar a Comissão de Direitos Humanos. Mais palavras para quê?

4. Dito isto, não obstante a pressão contra Israel promovida pelos inimigos da liberdade ser muito estridente, a verdade é que há cada vez mais países a declarar a sua amizade ao Estado que tem a sua capital em Jerusalém. Inclusivamente, no seio da Europa, Israel tem, nos últimos anos, concitado apoios diversos e a lealdade fraterna de democracias que, após anos de subjugação e dominação por ideologias totalitárias que ainda pululam no imaginário de muitos neste Velho Continente, sabem a importância cimeira da preservação do Estado, da identidade nacional, do pragmatismo sonhador, por oposição às utopias pragmáticas e problemáticas. Estes Estados sabem que abertura e cosmopolitismo não poderão nunca significar um salvo-conduto para quem quer disseminar o crime, a morte, o discurso de ódio contra os próprios cidadãos das comunidades que os recebem. Os líderes destes Estados – que, aliás, vão controlando os ímpetos irresponsáveis dos fantoches do globalismo selvagem, de que Emmanuel Macron é o exemplo mais clarividente – não querem ser mais uns desses políticos da atual “desunião europeia” que, perante a carnificina de compatriotas seus nas ruas de França ou da Alemanha perpetrada pelo terrorismo islâmico radical, se limitam a afirmar que “nada poderiam ter feito”. Ora, se é verdade que a política é a arte do possível, não o é menos que se exige aos políticos que tentem o impossível para alargar as possibilidades da arte do possível. Um verdadeiro estadista não soçobra perante os impossíveis; antes, trabalha, esforça-se, honra o povo que o elegeu, tentando que a impossibilidade teórica de hoje se converta na possibilidade prática de amanhã.

5. Daí o nosso elogio da bravura política. Bravura revelada pela primeira-ministra da Roménia, Viorica Dancila, que anunciou a decisão da mudança da embaixada do seu país em Israel para Jerusalém, seguindo a resolução histórica da atual administração dos EUA. A República Checa já manifestou a mesma intenção; ainda não foi concretizada em virtude das pressões que o Governo de Praga tem sofrido do “Leviatã” com domicílio em Bruxelas. Daí o lugar privilegiado que os livros de História já reservam a um dos mais brilhantes estadistas do tempo coevo: o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Perante um contexto particularmente adverso, Netanyahu logrou alcançar o que muitos julgavam impossível: tornar Israel uma economia dinâmica e repleta de oportunidades; gerar entre o seu povo um clima geral de motivação e orgulho em si mesmo; diversificar as suas alianças e forjar novos aliados no plano internacional; transmitir um sinal claro, conquanto dentro dos limites da proporcionalidade e da razoabilidade, de que as fronteiras de Israel não ficarão à mercê das disposições sentimentais dos terroristas. Cometeu erros? Claro que poderá ter cometido. Tomou decisões passíveis da nossa crítica? Evidentemente; nenhum político é infalível, muito menos está acima do juízo crítico dos seus cidadãos e dos analistas. Contudo, o saldo é indubitavelmente favorável para Netanyahu: afirmou definitivamente Israel no plano internacional, conciliando a alma histórica do seu povo com uma aspiração (quase volúpia) premente de futuro, tornando o país apto para lidar com qualquer desafio colocado pelas exigências deste tempo e daquele que está para vir.

6. O primeiro-ministro Netanyahu logrou, destarte, construir o futuro a partir da tradição. Para muitos, este feito poderá não ser suficiente; para ninguém, porém, poderá ser pouco. Seja qual for o veredicto soberano do povo de Israel de hoje, nós, como portugueses admiradores deste Estado resiliente e heroico, não poderemos deixar de expressar a nossa gratidão pela dedicação e serviço militante ao povo de Israel e, logo, a todos os que prezam a liberdade: obrigado, primeiro–ministro Benjamin Netanyahu.

 

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