O Quarto do Filho
Um dos mais incontornáveis filmes de Nanni Moretti, o realizador em foco nesta edição da Festa do Cinema Italiano, que deu ao realizador italiano a sua primeira Palma de Ouro em Cannes, em 2001, depois de em 1994 ter já recebido o prémio de melhor realizador com Querido Diário. Protagonizado pelo próprio Nanni Moretti, Laura Morante e Jasmine Trinca, O Quarto do Filho, que acompanha o drama de um psicanalista e da sua família depois do seu filho ter morrido num acidente de mergulho, é apenas um dos 13 filmes do cineasta italiano que será possível rever — para além de várias sessões das suas curtas.
Noites Mágicas
Para filme de abertura, uma obra que o realizador Paolo Virzì escreveu com outros dois argumentistas – Francesca Archibugi e Francesco Piccolo – justamente sobre as “aventuras de três jovens argumentistas em Roma” – não na de agora. Na Roma dos últimos anos de ouro do cinema italiano. Entre o film noir e a comédia satírica, Noites Mágicas parte da descoberta do corpo de um conhecido produtor de cinema no rio Tibre, com os três jovens como principais suspeitos. Será ao longo de uma noite passada numa esquadra da polícia que recordarão a sua tumultuosa aventura pelas ruas da capital italiana.
La paranza dei bambini
Integrado na secção competitiva e exibido em antestreia nacional, La Paranza dei Bambini (Piranhas – Os Meninos da Camorra, no título com que será distribuído em Portugal) conta a história de um grupo de adolescentes de 15 anos do típico bairro napolitano de Sanità. Entre a máfia e o crime, depressa enveredarão por esse mundo, que veem como a forma possível de ascensão social. Passo a passo, conduzir-se-ão a si próprios em direção a uma espiral de violência e de guerra, com consequências irreversíveis. A 12 de abril (antestreia nacional) o realizador Claudio Giovannesi estará no São Jorge, a apresentar a sessão.
Camorra
Desengane-se quem julgar que se trata de um objeto de ficção sucedâneo de outros como Gomorra, de Matteo Garrone, a partir de Roberto Saviano. Para este Camorra, Francesco Patierno mergulhou ao longo de meses nos arquivos da RAI, a televisão pública italiana, de onde saiu com a “cuidadosa seleção de imagens de notícias de crime e de vida das ruas napolitanas e da Campania” que deu este documentário que procura chegar às raízes da Camorra, com a sua história e as razões que levaram à sua formação, das década de 1960 até aos relativamente recentes anos 90, “fugindo da sua dimensão romântica e espetacular”.
Loro I e II
O mais recente filme de Paolo Sorrentino (A Grande Beleza e A Juventude) como ainda não o tínhamos visto — não em Portugal, pelo menos, onde Loro (Sílvio e os Outros, no título em português) fez a sua estreia em salas na versão cortada e reduzida a um volume com que foi distribuído internacionalmente. Em Itália, o filme em que o já habitual Toni Servillo interpreta uma das figuras mais controversas da cultura italiana das últimas décadas — Silvio Berlusconi — com os escândalos em que esteve envolvido entre 2006 e 2009, Loro foi exibido em duas partes: Loro I e Loro II, que a Festa do Cinema Italiano traz pela primeira vez a Portugal.
Il primo re
De Matteo Rovere, o realizador descrito pela direção do festival como “uma das figuras mais inovadoras e marcantes” do cinema italiano contemporâneo, que viaja até Lisboa para a apresentação deste que é o seu mais recente filme (7 de abril, às 21h30; a de 14 de abril contará com a presença do ator Alessandro Borghi), exibido em antestreia. A história é uma dessas histórias intemporais: a de dois irmãos em luta, sozinhos no mundo, com uma ligação que irá dar à lenda de Rómulo e Remo, que, inconformados com a realidade, desafiam a vontade dos deuses. O resto é a história que se conhece: do seu sangue nascerá a cidade de Roma.
L'ordine delle cose
Para este ano, a Festa do Cinema Italiano criou uma secção especial para filmes que, num tempo de um clima político e social adverso, mostram como “existem ainda pessoas e movimentos que lutam” para tornar Itália num país acolhedor para os que precisam: “Make Italy Great Again – Itália não é um país racista”. Um desses filmes é L’Ordine delle Cose, de Andrea Segre. Um drama centrado num alto funcionário do Ministério do Interior que será incumbido pelo governo italiano para enfrentar o problema das viagens ilegais da Líbia pós-Khadafi em direção a Itália. Nessa missão, conhecerá uma refugiada com quem acabará por criar laços.
Leonardo 500
Nem só de cinema se faz a Festa do Cinema Italiano. Como tal, em várias sessões especiais será exibido um conjunto de quatro documentários sob o mote A Grande Arte no Cinema. Michelangelo – Infinito, Tintoretto. Un Ribelle a Venezia, Mathera. L’Ascolto Dei Sassi e Leonardo 500. Um filme de Francesco Invernizzi que traça um retrato de Leonardo Da Vinci a partir das implicações contemporâneas dos seus famosos códigos, para uma viagem por uma espécie de “novo Renascimento, no qual a ciência e a economia estão indissoluvelmente interligadas através das escolhas da Responsabilidade Social Corporativa”.