Três bolas paradas


O FC Porto que jogou em Braga, obtendo uma vitória importantíssima, não foi o FC Porto do início do campeonato. Nem a atacar nem a defender.


A equipa azul-e-branca fazia golos com impressionante facilidade e tinha uma defesa de betão. O seu ataque misturava a técnica e a força: a técnica de jogadores como Brahimi e Corona e a força de avançados como Marega e Aboubakar.

E no miolo do campo possuía um elenco de luxo, com Danilo, Herrera, Oliver Torres e Octávio.

Quem se podia gabar de ter um plantel assim?

Foi, pois, com naturalidade que o Porto se adiantou ao Benfica, ao Braga e ao Sporting. O título parecia estar entregue. Eis senão quando aquela divisão Panzer começa a dar sinais de fraqueza – e, de empate em derrota, permite a ultrapassagem do Benfica.

Para isto concorreram dois tipos de fatores: mudanças incompreensíveis na defesa e falta de mobilidade no ataque.

Na defesa, Sérgio Conceição tirou Militão do centro para dar um lugar a Pepe. Ora, Pepe é neste momento pior central que Militão. E este, para não sair da equipa, foi desviado para o lado direito, mandando Maxi Pereira para o banco.

Nenhum destes merecia estas mudanças. Nem Militão merecia ser empurrado para a direita, onde é um jogador banal, nem Maxi Pereira merecia ter saído da equipa. Tudo, repito, para entrar Pepe. Estas atitudes arbitrárias acabam por ter um mau efeito no balneário.

À frente, com a saída de Aboubakar (por lesão), as coisas também pioraram. Passou a haver menos mobilidade na área contrária. O jogo do Porto tornou-se mais previsível. E a prova está à vista: a equipa cria muito poucas oportunidades de golo em jogo corrido. Em Braga, os três golos que marcou foram de bola parada: dois penáltis e um canto. Dirão os portistas que os penáltis foram justos. Tenho dúvidas quanto ao primeiro. E, de qualquer modo, os lances não eram perigosos. Se não tivesse havido faltas, deles nada teria resultado.

Aliás, os penáltis são hoje o que mais concorre para falsear a verdade desportiva. Lances sem qualquer perigo, no limite da área ou junto à linha final, são “milagrosamente” transformados em golos quase certos. Seria muito mais justo se as faltas dentro da área fossem marcadas no local onde ocorrem – reservando os penáltis para os lances de golo iminente.

Resta dizer que a maior fragilidade do Porto resulta inteiramente das opções de Sérgio Conceição.

Foi ele que tirou Militão do centro da defesa para meter Pepe, tornando a equipa mais permeável nessa zona. E é ele que não consegue encontrar forma de haver mais movimentos de rutura na área contrária.

Com um plantel que inclui Casillas, Maxi Pereira, Alex Sandro, Filipe, Militão, Danilo, Herrera, Oliver Torres, Octávio, Brahimi, Corona, Hernâni, Marega, Aboubakar e Tiquinho Soares, Sérgio Conceição tinha obrigação de fazer muito melhor.


Três bolas paradas


O FC Porto que jogou em Braga, obtendo uma vitória importantíssima, não foi o FC Porto do início do campeonato. Nem a atacar nem a defender.


A equipa azul-e-branca fazia golos com impressionante facilidade e tinha uma defesa de betão. O seu ataque misturava a técnica e a força: a técnica de jogadores como Brahimi e Corona e a força de avançados como Marega e Aboubakar.

E no miolo do campo possuía um elenco de luxo, com Danilo, Herrera, Oliver Torres e Octávio.

Quem se podia gabar de ter um plantel assim?

Foi, pois, com naturalidade que o Porto se adiantou ao Benfica, ao Braga e ao Sporting. O título parecia estar entregue. Eis senão quando aquela divisão Panzer começa a dar sinais de fraqueza – e, de empate em derrota, permite a ultrapassagem do Benfica.

Para isto concorreram dois tipos de fatores: mudanças incompreensíveis na defesa e falta de mobilidade no ataque.

Na defesa, Sérgio Conceição tirou Militão do centro para dar um lugar a Pepe. Ora, Pepe é neste momento pior central que Militão. E este, para não sair da equipa, foi desviado para o lado direito, mandando Maxi Pereira para o banco.

Nenhum destes merecia estas mudanças. Nem Militão merecia ser empurrado para a direita, onde é um jogador banal, nem Maxi Pereira merecia ter saído da equipa. Tudo, repito, para entrar Pepe. Estas atitudes arbitrárias acabam por ter um mau efeito no balneário.

À frente, com a saída de Aboubakar (por lesão), as coisas também pioraram. Passou a haver menos mobilidade na área contrária. O jogo do Porto tornou-se mais previsível. E a prova está à vista: a equipa cria muito poucas oportunidades de golo em jogo corrido. Em Braga, os três golos que marcou foram de bola parada: dois penáltis e um canto. Dirão os portistas que os penáltis foram justos. Tenho dúvidas quanto ao primeiro. E, de qualquer modo, os lances não eram perigosos. Se não tivesse havido faltas, deles nada teria resultado.

Aliás, os penáltis são hoje o que mais concorre para falsear a verdade desportiva. Lances sem qualquer perigo, no limite da área ou junto à linha final, são “milagrosamente” transformados em golos quase certos. Seria muito mais justo se as faltas dentro da área fossem marcadas no local onde ocorrem – reservando os penáltis para os lances de golo iminente.

Resta dizer que a maior fragilidade do Porto resulta inteiramente das opções de Sérgio Conceição.

Foi ele que tirou Militão do centro da defesa para meter Pepe, tornando a equipa mais permeável nessa zona. E é ele que não consegue encontrar forma de haver mais movimentos de rutura na área contrária.

Com um plantel que inclui Casillas, Maxi Pereira, Alex Sandro, Filipe, Militão, Danilo, Herrera, Oliver Torres, Octávio, Brahimi, Corona, Hernâni, Marega, Aboubakar e Tiquinho Soares, Sérgio Conceição tinha obrigação de fazer muito melhor.