Doidos de Bruxelas e incompetentes de Lisboa


Quem anda na cidade de Lisboa deve pensar que a única preocupação da câmara passa pelos jardins, pois as estradas estão cada vez pior e da sinalização nem se fala


Enquanto os burocratas de Bruxelas se entretêm a criar leis ridículas como a dos limitadores de velocidade para os carros – porque não obrigam então a indústria a produzi-los já com a impossibilidade de ultrapassarem os 80 quilómetros por hora? – e outras que irão enriquecer mais uns tantos, esquecendo-se que na Alemanha, nas autoestradas, não há limite de velocidade, em Portugal, os automobilistas continuam a ser considerados uns ases do volante, atendendo às péssimas condições das rodovias. Quem nunca se confrontou com situações iminentes de acidente na Segunda Circular, em Lisboa, onde praticamente não existem traços contínuos? Onde sair de uma bomba de gasolina para voltar a entrar na estrada – ou entrar por uma das vias de acesso – se assemelha a um jogo parecido com a roleta-russa, pois nunca se sabe de que via aparecem os outros carros?

Quem anda na cidade de Lisboa deve pensar que a única preocupação da câmara passa pelos jardins, pois as estradas estão cada vez pior e da sinalização nem se fala. Se os buracos nos bairros habitacionais são cada vez mais – em frente à sede do PCP, por exemplo, existem buracos há longos meses -, o que se torna mesmo irritante e perigoso é a inexistência de sinalização adequada em qualquer estrada que recebeu recentemente um pouco de alcatrão novo.

Devia ser obrigatório as empresas responsáveis pela repavimentação das estradas “pintarem” essas mesmas vias mal acabem as obras. Mas o que se passa na principal artéria da cidade no que à sinistralidade diz respeito, a Segunda Circular, é assustador. Acredito que em qualquer acidente que envolva uma companhia de seguros que faça bem o seu trabalho não será difícil obrigar os responsáveis pela estrada a pagarem chorudas indemnizações.

Tudo se torna mais enigmático se pensarmos que, em 2016, a Câmara de Lisboa queria transformar esta estrada numa zona de arvoredo, com espaço para ciclovias e onde os transportes públicos teriam um corredor prioritário. Como não avançou o projeto, deixa-se a Segunda Circular transformar-se numa estrada da morte?