Valorizar e divulgar a música popular contemporânea com origem nos países de língua portuguesa, de modo a facilitar a sua internacionalização no mercado: é esse o objetivo principal do Festival MIL (Lisbon International Music Network), que teve início em 2017 e cuja terceira edição arranca esta noite em Lisboa.
Pela capital, mais propriamente por nove salas e clubes noturnos do Cais do Sodré, passarão mais de 70 artistas emergentes (de 16 países diferentes) nas próximas três noites. A brasileira Letrux e a portuguesa Lula Pena abrem as hostilidades às 22h00 de hoje, no B.Leza, numa atuação que juntará duas vozes situadas em campos diametralmente opostos. O nome mais sonante do cartaz, porém, atuará à meia-noite de sexta-feira no Musicbox: Conan Osíris, vencedor do Festival da Canção e, muito provavelmente, o artista mais ouvido, comentado e analisado da atualidade em Portugal.
Blaya, PAUS e Filho da Mãe são outras atuações muito esperadas no que se refere a artistas portugueses, destacando-se também Beautify Junkyards, Cave Story, Conjunto Corona, Octa Push, Scúru Fitchádu ou Solar Corona. A nível internacional, nomes como 88Balaz (Taiwan), Annie Sama (Canadá), Dope Saint Jude (África do Sul), Ibaaku (Senegal) ou Jaloo (Brasil) permitem a criação de grandes expetativas. Realce ainda para Toty Sa’med, que vem de Angola e que no ano passado foi convidado por Salvador Sobral para com ele partilhar o palco no EDP Cool Jazz.
Muito além dos concertos O MIL, porém, é muito mais do que apenas um festival de música – ou, vá lá, de música ao vivo. Aos concertos juntam-se as conferências e workshops, destinados a profissionais e entusiastas da indústria musical, numa verdadeira convenção onde se discutem as mais variadas vertentes da indústria musical.
Serão mais de 30 debates, masterclasses, workshops e keynotes a acontecer em diferentes espaços do Palacete dos Marqueses de Pombal, na Rua das Janelas Verdes (Santos), num grupo do qual fazem parte os britânicos Simon Reynolds (crítico de música), Pete Kember (produtor e músico, ex-Spacemen 3) ou Paul Pacifico (CEO da Associação de Música Independente Britânica), bem como os músicos portugueses José Mário Branco e Manuel Faria (ex-Trovante), entre muitos outros.
“O objetivo é networking e esta oportunidade de internacionalização. No mesmo espaço, durante três dias reúnem-se agentes, promovemos speed meetings. Existe uma ferramenta, uma aplicação onde todos os delegados estão registados com os seus contactos; uma semana antes acontece a marcação de reuniões”, explicou à agência Lusa Gonçalo Riscado, um dos programadores de um evento que caracteriza como um “ponto de encontro entre quem produz, promove, pensa, cria e vende música e integra o mercado”.
“O esforço de internacionalizar uma carreira exige muito, é um grande investimento, e os resultados são incertos. Mas hoje em dia há essa vontade de correr esse risco e de fazer esse investimento”, salientou, revelando que para a edição deste ano houve “quase 700 candidaturas de dezenas de países”. “O MIL já está no circuito internacional e é bem–visto como um ponto importante de encontro e de network”, realçou.
Este ano, o festival-convenção apresenta como novidade o Jump, um programa europeu cofinanciado pela Europa Criativa e que servirá de incubadora para dez projetos de caráter inovador relacionados com música. Os bilhetes para o evento custam entre 20 e 30 euros – o primeiro garante apenas a entrada nos concertos, enquanto o segundo permite assistir também ao espetáculo de abertura. Já quem quiser assistir às conferências e workshops ao longo dos três dias terá de adquirir o bilhete Pro, ou ingresso profissional, com um preço único de 70 euros.