Estava a preparar-me para opinar sobre a interpretação da CNE da legislação sobre publicidade institucional. Sobre a forma sectária como retira as conclusões do articulado e a ambiguidade que cria. Mas também pela criação de mais um “poderzinho” institucional no país que é pródigo na criação de pequenos poderes.
A sensação com que fico é que há, no genoma de muitos portugueses, um cromossoma ditatorial que, sempre que encontra uma oportunidade, dá asas à sua criatividade e gera um instrumento que permita ao seu hospedeiro exercer um poder arbitrário e autoritário.
Limitar a publicidade institucional por parte dos órgãos do Estado e da administração pública e autárquica de atos, programas, obras ou serviços, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, é uma mão-cheia de tudo.
Ou seja, um autarca que necessita de anunciar aos munícipes que está a fazer uma obra de requalificação numa rua está automaticamente a violar a interpretação da lei feita pela CNE. Requalificar, beneficiar ou melhorar passam a ser palavras banidas do léxico. Portanto, meus senhores, durante os próximos oito meses toca a parar todos os compromissos que assumiram connosco, vossos eleitores, que já por natureza desconfiámos que não iam cumprir, pois o vosso programa eleitoral, aquilo que vos distinguiu dos outros concorrentes, afinal não é para se fazer. Só que desta vez não podemos responsabilizar-vos, pois foi imposto por decreto – correção: imposto por interpretação de decreto.
Melhor fica o quadro com as aberturas de investigações e, aqui, o exercício do tal poderzinho e a prova da existência do tal cromossoma de cariz autoritário.
É absurdo e não compreendo o alcance da posição sem ser por derivações de afirmação de poder.
Já estão anunciadas uma série de aberturas de investigações e, sobre este tema, à medida que for evoluindo, voltarei a pronunciar-me. Mas, à cautela, não contratem para as vossas festas de verão o “fabuloso e fantástico” Toni Carreira ou o “espetacular” Toy para tocar “toda a noite”. A CNE vai investigar!
O tema que me trás aqui hoje é Ronaldo. E mais do que Ronaldo, é o orgulho de ser português. De ser o melhor do mundo e de, a cada ano que passa, distribuir chapadas de luva branca pela aristocracia bacoca do mundo do futebol.
Ronaldo nunca foi bem aceite em Espanha. Ter um lusitano a reinar em Castela é como ter um espinho cravado na mão! Incomoda e, por mais que se tente, não conseguimos tirá-lo.
Ronaldo chegou, viu e venceu em Espanha. Bateu todos os recordes e, goste-se ou não se goste da personalidade, do ego e da arrogância que muitos lhe atribuem, uma coisa é incontornável: é um colosso!
Terça, se dúvidas houvesse, cilindrou uma vez mais a corte castelhana. Durante uma semana ouviu-se de tudo! Ronaldo, impávido e sereno, respondeu como responde sempre! Com golos, atitude e uma vontade de vencer inabalável.
E que orgulho imenso tenho em ver, ao abrir as capas dos jornais de todo o mundo, um planeta inteiro rendido à enormidade de um português!
Depois da monstruosa partida que fez, brindou-nos com uma estocada final absolutamente brilhante: “Foi para isto que me contrataram!” Um imenso e ruidoso olé a todos os que, sobretudo em Espanha, o invejam e odeiam.
Ronaldo, goste-se ou não, é enorme! E deve ser um exemplo para todos nós. Veio de baixo, de muito baixo! Hoje está no topo do mundo.
Mais do que os golos bonitos, as jogadas fenomenais ou as ações de caridade e humanismo, Ronaldo é enorme pelo esforço, dedicação e determinação que coloca em tudo o que faz. Ronaldo não tem nada mais a provar, nem necessita de se afirmar!
Precisávamos de mais “Ronaldos” em Portugal. Precisávamos de mais atitude, dedicação e determinação.
Às tantas dava jeito ter um Ronaldo na CNE, mas não sei se por falta dos atributos que o caracterizam ou se apenas por falta de bom senso e necessidade de afirmação.
Escreve à quinta-feira