Como será viver sem água, luz e outros serviços básicos? A população venezuelana tem a resposta, embora não seja simpática. “Ninguém tem água”, afirma David Alcarias, presidente da Casa Portuguesa de Maracaí, em declarações ao i.
Devido aos sucessivos apagões, “as bombas não estão a funcionar. Maracaí não tem água, Caracas não tem água, a maioria das cidades não tem água potável”. As pessoas “procuram água de qualquer forma, compram camiões cisterna de água, pagam 100 dólares por um camião de água, para terem um bocadinho de água para tomar banho e fazer a comida, o mais básico”. Já os mais pobres e desesperados “procuram água nos rios” ou mesmo nos esgotos.
Mas nem tudo são más notícias. “Nota-se uma melhoria no serviço elétrico”, relata Alcarias, que explica que “em Maracaí o serviço foi restabelecido no domingo. Mas de vez em quando vem um apagão num setor da cidade”. Os hospitais estão a funcionar com recurso aos geradores de emergência, uma situação precária agravada pela falta de gasolina. “Ainda ontem estive numa bicha de duas horas para abastecer combustível”, conta Alcarias. Uma situação que “não é nova”, num dos países com maiores reservas energéticas do mundo, mas que “se agravou nos últimos tempos”.
Os sucessivos apagões deixaram em ponto de rutura o sistema de comunicações, que está “muito mal”. “Não temos internet”, afirma o presidente da Casa Portuguesa, apenas restam os dados móveis, a que nem todos os venezuelanos têm acessos. Além disso, “não há transações financeiras sem internet, está tudo a zeros”, diz Alcarias.
Os problemas da Venezuela não passam ao lado da comunidade portuguesa que “está a sofrer exatamente o mesmo que os venezuelanos”. “Aqui ninguém escapa a esta crise”, garante o presidente da Casa Portuguesa.
Toda esta situação se passa enquanto Juan Guaidó convoca a população para as ruas e Maduro reforça a presença policial nas cidades.