Novo Banco. Depois da Caixa poderá vir aí nova comissão de inquérito

Novo Banco. Depois da Caixa poderá vir aí nova comissão de inquérito


Partidos não excluem iniciativa, mas esperam que seja PS a sugerir o escrutínio. Em causa está a necessidade de nova injeção de capital


Depois da Caixa Geral de Depósitos poderá ser a vez do Novo Banco ser alvo de uma comissão de inquérito com os partidos a abrirem porta para um possível escrutínio. Os partidos de direita já vieram garantir que não se opõem, enquanto o presidente da República garante estar atento. Para já, o Bloco de Esquerda quer primeiro “apurar responsabilidades” face aos factos já conhecidos sobre a instituição financeira e, só depois, pensar numa nova comissão de inquérito.

Em causa a necessidade de uma nova injeção de capital através do Fundo de Resolução no valor de 1149 milhões de euros, depois do banco ter apresentado, na sexta-feira, prejuízos de 1140 milhões de euros. Este foi o quinto ano consecutivo desde que foi criado, em 2014. Um valor que, segundo Mário Centeno, não terá impacto no défice para este ano. 

O CDS-PP revelou hoje que não vai propor uma comissão de inquérito ao Novo Banco, no entanto, garantiu que se o secretário-geral do PS e primeiro-ministro quiser avançar, “faça favor”, uma vez que os centristas prometem apoiam proposta. A posição foi anunciada pela deputada Cecília Meireles, depois de António Costa ter sugerido que “porventura uma comissão parlamentar de inquérito seria mais adequada para fazer a apreciação da atuação do Banco de Portugal” (BdP) desde o processo de resolução em 2014, matéria que ficará de fora da auditoria já pedida pelo executivo.

Esta manhã, o primeiro-ministro em relação à auditoria que iria pedir ao Novo Banco, esclareceu que será idêntica à da Caixa Geral de Depósitos e irá incidir sobre a fase anterior à resolução”. No entanto, salientou que a fase posterior à resolução foi “conduzida diretamente” pelo BdP e “não cabe ao governo supervisionar o Banco de Portugal, nem seria correto o governo ordenar uma auditoria ao Banco de Portugal”.

Também o PSD revelou que se algum partido avançar com uma comissão de inquérito sobre o Novo Banco não se irá opor. Ainda assim, defendeu que não cabe à oposição “tomar as dores do governo”. 

Para o deputado Duarte Pacheco não há dúvidas: “O parlamento não pode banalizar o número de comissões de inquérito, no entanto, nós no PSD nada temos a esconder sobre o processo do Novo Banco e entendemos que tudo deve ser apurado, nomeadamente desde o objeto da primeira comissão parlamentar de inquérito, ou seja, desde a resolução até hoje”. 

Já Mariana Mortágua acusou o Executivo de saber o que se estava a passar quando decidiu “dar” o Novo Banco à Lone Star. “O governo sabia o que se passava no Novo Banco, porque se o BE sabia, o governo também tinha obrigação de saber. E sabia que estava a vender um banco com garantia de quatro mil milhões, quase, 3,9 mil milhões, sobre uma carteira de ativos tóxicos de oito mil milhões e que o mais provável era que essa garantia se viesse a realizar, com os riscos a materializarem-se no futuro”. Ainda assim, a deputada bloquista lembra que o seu partido “nunca” se opôs a nenhuma comissão de inquérito, mas que não faz “muito sentido” uma comissão de inquérito “para desviar atenções e responsabilidades de processos” que o BE já tinha previsto.