Várias Testemunhas de Jeová revelaram terem sido torturadas pelas forças de segurança russas devido à sua religião. Num testemunho à BBC, as vítimas, residentes da cidade de Surgut, no norte da Rússia, afirmam terem sido espancadas, sufocadas e eletrocutadas com tasers, "nas coxas e noutras zonas", tal como "entre as nádegas". É a mais recente onda de detenções, desde que a igreja das Testemunhas de Jeová foi considerada uma "organização extremista" na Rússia, em 2017, abrindo as portas à sua perseguição.
Artium, um dos Testemunhas de Jeová torturados, foi interrogado por 12 horas acerca da sua religião, tendo recebido ameaças à sua vida e da sua família por polícias de cara tapada. "Pensei que me iam matar", contou o jovem. Já Evgeny, outra das vítimas, viu a sua casa ser virada do avesso por polícias armados, tendo mostrado aos repórteres da BBC marcas de queimaduras, que diz serem resultado da tortura. Dezenas de outras Testemunhas de Jeová também terão sido detidas na sua cidade.
Centenas das cerca de 175 mil Testemunhas de Jeová já fugiram da Rússia, tendo dezenas sido detidas, incluindo Dennis Christensen, o cidadão dinamarquês condenado no mês passado a seis anos de prisão pela sua religião. Segundo o "The Moscow Times", cerca de 250 Testemunhas de Jeová estão na mira das autoridades, só em Surgut. O representante da Associação Europeia de Testemunhas de Jeová, Yaroslav Sivulsky, considerou as torturas reportadas uma "tentativa desesperada e sem consciência das autoridades russas de fabricar provas de alegadas atividades criminais".