Portugal está na moda para estrangeiros que querem dar o nó

Portugal está na moda para estrangeiros que querem dar o nó


Com o país a ficar cada vez mais bem-visto em termos turísticos, há novas tendências e áreas de negócio. Em 2018 houve, em Portugal, 1235 cerimónias entre estrangeiros


Portugal ficou na moda e muitos passaram a incluí-lo na lista de destinos a visitar nas férias. No entanto, nem só de dias de descanso se fazem as escolhas dos estrangeiros em relação a Portugal. Os casamentos ganham espaço e há cada vez mais cerimónias em que o sim é dado em solo nacional, mas o idioma é outro.

De acordo com os dados fornecidos ao i pelo Ministério da Justiça, o número tem aumentado de forma exponencial, e esta palavra foi escolhida criteriosamente. Em 2011, o número de casamentos celebrados em Portugal entre cidadãos de nacionalidade estrangeira era de 502. Em 2018, o cenário já se tinha alterado completamente: houve 1235 celebrações. Entre 2011 e 2018, não só aumentaram como se conseguiram transformar numa forte tendência de negócio. Aliás, não houve nenhum ano, no período analisado, em que se tenha verificado uma descida. Em 2012, Portugal foi escolhido para ser palco de 555 casamentos entre estrangeiros; em 2013, este número aumentou para 565; em 2014, já ia nos 626; em 2015 deu um salto para 839 e não mais parou. E em 2016 e 2017, os enlaces entre estrangeiros no nosso país ascenderam a 890 e 1131, respetivamente. Fora destes números ficam os casos em que os papéis foram assinados nos países de origem e em Portugal apenas se realizaram as bodas.

Ao i, Louise Anaia conta que o dia do casamento “foi o mais bonito e especial de toda a vida. Escolhemos casar em Portugal porque a família do meu marido tem ligações a Portugal”. O sítio escolhido foi Sintra. “Portugal é lindo, em particular Sintra. O tempo é ótimo e o que escolhemos seria bem mais caro no Reino Unido. O nosso casamento foi fantástico e os nossos convidados tiveram umas férias maravilhosas”. Para Louise, além das memórias, fica a recomendação: casar em Portugal foi a melhor decisão que tomaram.

Danielle e Oliver também escolheram dar o nó no nosso país. Apesar de não termos conseguido chegar à fala com o casal, bastou uma pesquisa rápida na internet para descobrir as recomendações que fizeram. Casaram na Senhora da Guia, em Cascais, em maio do ano passado, e apesar dos nervos por ser um casamento organizado à distância, não escondem que ficaram rendidos: “Foi tudo o que sonhámos e muito mais.”

Entre as zonas mais escolhidas estão Lisboa, Cascais, Algarve, Douro e Açores. Ao i, Filipe Peixoto, fotógrafo de casamentos no arquipélago, explica que se sente um grande aumento da procura por parte de casais estrangeiros. “Acho que [nos Açores] deve ter aumentado 50%, no mínimo, nos últimos dois anos”, conta, acrescentando que os pedidos chegam principalmente de casais provenientes da Alemanha, EUA e Reino Unido. Entre os motivos que mais convencem estão “a divulgação que tem sido feita” e a “paisagem”.

De acordo com a recolha de dados feita por algumas empresas organizadoras de casamentos, os casais costumam escolher Portugal através de sites especializados.

Um setor importante para o país Em Portugal continuam a realizar-se casamentos praticamente em todos os dias do ano. Mesmo sem contar com os estrangeiros que escolhem o país, os portugueses continuam a casar e a alimentar um negócio de milhões que não tem vindo a retrair-se. De acordo com os responsáveis pela Exponoivos, o evento de referência no setor do casamento em Portugal, “se formos a pensar que há 20 anos tínhamos um número de casamentos em Portugal que rondava os 80 ou 90 mil, hoje estamos a falar de uma realidade com 33 ou 34 mil casamentos”. No entanto, desengane-se quem pensa que se tem vindo a perder dinheiro.

De acordo com os dados disponibilizados ao i, os portugueses casam menos, mas a indústria fatura mais. Em 2003, os casamentos eram um negócio de 700 milhões de euros. Em média, em cada matrimónio gastavam-se 10 mil euros. Agora, os números mostram uma nova realidade, com valores ainda mais animadores para a indústria. Com cerca de 33 ou 34 mil casamentos por ano, “é uma indústria que fatura 800 milhões de euros, o que tem um peso importante na nossa economia”.