Joaquim Barroca vai desmentir Vara em tribunal

Joaquim Barroca vai desmentir Vara em tribunal


Administrador do Grupo Lena rejeita que dinheiro transferido das suas contas fosse pagamento de consultorias.


Joaquim Barroca, administrador do Grupo Lena, vai a tribunal desmentir a tese que Armando Vara apresentou quando foi depor enquanto testemunha da sua filha. Barroca, segundo avançou ontem a SIC, nega que as transferências das suas contas para as de Vara, no valor de um milhão de euros, tenham sido relativas a serviços de consultoria prestados pelo ex-governante. Algo que está disponível para dizer ao juiz Ivo Rosa.

Joaquim Barroca manifestará ainda o seu desagrado com a atitude de Carlos Santos Silva, alegado testa-de-ferro de José Sócrates, que diz ter usado as suas contas para fazer circular dinheiro numa lógica diferente daquela para que estava autorizado – o MP considera que tais montantes foram para benefício ilegítimo de terceiros, como José Sócrates.

Armando Vara admitiu no início deste mês em tribunal ter recebido dois milhões de euros em envelopes por serviços que tinha prestado ainda antes de ser administrador da Caixa Geral de Depósitos, assumindo que cometeu crimes de fraude fiscal ao colocar tal dinheiro na Suíça.

O MP acredita que metade desse dinheiro foram contrapartidas – cuja transferência foi ordenada por Carlos Santos Silva, amigo de José Sócrates – por ter viabilizado um empréstimo ao empreendimento Vale do Lobo, uma vez que já estava no banco público. Mas o antigo ministro socialista justifica que apesar de os serviços de promoção de empresas portuguesas no Leste terem sido prestados antes, o dinheiro foi recebido quando era administrador da CGD, porque houve um desfasamento entre o tempo em que fez consultoria e o recebimento.

Adiantou ainda que tudo lhe foi pago em envelopes, que depois entregou a Michel Cannals, arguido no processo Monte Branco por lavagem de dinheiro.

Durante o interrogatório o antigo ministro confessou que foi na offshore Vama Holdings que recebeu os montantes auferidos como consultor – uma conta na Suíça, que foi investigada na Operação Marquês.

Vara – que está acusado neste caso de um crime de corrupção passiva em regime de coautoria com José Sócrates, de dois crimes de fraude fiscal qualificada e de dois crimes de branqueamento de capitais – admitiu por isso ter praticado este último tipo de crime.

Disse ainda não conhecer o holandês Jeroen van Doren de onde partiu o milhão de euros que o MP considera serem luvas e que conhece mal Joaquim Barroca, por cujas contas os montantes circularam antes de caírem na sua offshore.

À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, o advogado do ex-ministro, Tiago Rodrigues Bastos, explicou que o seu cliente respondeu a todas as questões que foram colocadas e admitiu estar disponível para pagar as dívidas fiscais. “Ele já assumiu que há um problema fiscal e admite pagar o que tem a pagar em termos de impostos”, disse aos jornalistas.