Venezuela. Guaidó anuncia amanhã planos para entrada humanitária

Venezuela. Guaidó anuncia amanhã planos para entrada humanitária


Mais de 600 mil pessoas já se inscreveram junto de forças da oposição venezuelana para serem voluntárias na entrada da ajuda humanitária


O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, anunciará hoje os planos para fazer com que a ajuda humanitária norte-americana entre em território venezuelano. É o mais recente confronto entre Guaidó e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pelo reconhecimento de facto de quem comanda os destinos da Venezuela. “Vamo-nos organizar em brigadas”, disse Guaidó, sem, no entanto, dar mais pormenores. 

Mais de 600 mil voluntários já se inscreveram junto das forças da oposição ao regime para desafiarem o bloqueio. Espera-se que a ajuda humanitária entre no país a 23 de fevereiro. 

O autoproclamado chefe de Estado deposita as suas esperanças nos militares venezuelanos, conhecidos por serem a espinha dorsal do regime de Maduro: “A mensagem que temos de passar às forças armadas é a de terem uma semana para fazerem o que está certo. Vão ficar ao lado das vossas famílias e povo ou dou usurpador que continua a mentir?”. 

No sábado, um avião norte-americano com “ajuda humanitária” aterrou na cidade colombiana de Cúcuta, bastante próxima da fronteira com a Venezuela. Foi o segundo carregamento nos últimos dias. “É uma mensagem para a Venezuela de que estamos a apoiar as suas necessidades humanitárias”, disse o secretário de Defesa interino norte-americano, Patrick Shanahan, no sábado.

Entretanto, os militares venezuelanos, numa tentativa de impedir a entrada da ajuda humanitária, bloquearam uma ponte que faz a ligação com a fronteira colombiana usando camiões e contentores. 

Maduro acusa os Estados Unidos e Guaidó de prepararem uma “intervenção militar disfarçada de ajuda humanitária” para roubar os seus recursos naturais, nomeadamente os hidrocarbonetos. “Estão-se a preparar para tomar conta da Venezuela”, disse Maduro em entrevista à CNN, referindo tratar-se de uma “guerra política” encetada pelo “império dos Estados Unidos”. Em reação, o chefe de Estado ordenou a “criação imediata de um plano” para manter as forças armadas mobilizadas contra ameaças externas. Não se sabe o que as forças armadas farão quando a “ajuda humanitária” tentar entrar no país. 

Ontem, a Rússia instou as Nações Unidas a convocarem um diálogo sobre a situação política na Venezuela para se ultrapassar o impasse político sem a interferência de potências estrangeiras. “Se invocar o direito internacional, a situação na Venezuela é um assunto interno e a comunidade internacional deveria instar os venezuelanos a encontrarem uma solução entre eles”, disse o ministros dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov.