O governo alemão revelou, esta quarta-feira, que houve 1646 crimes de ódio a judeus na Alemanha em 2018, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Desses, 62 incidentes envolveram agressões físicas, um aumento de 60% em relação às 37 agressões antissemitas de 2017. Um cenário “assustador”, considera Josef Schuster, diretor do Conselho Central de Judeus alemão.
Em declarações à BBC, Schuster alerta que “considerando os atos por debaixo do limiar da responsabilização criminal, o cenário fica ainda mais negro”. O dirigente da comunidade judia diz que as estatísticas apenas revelam aquilo que já era “a sensação subjetiva entre os judeus”.
Um estudo da Agência dos Direitos Fundamentais da UE revelou que 28% dos judeus europeus sentiram descriminação no último ano, tendo 38% dos inquiridos pensado em imigrar devido a preocupações com a sua segurança. Vários grupos judeus têm alertado para os perigos do crescimento da extrema-direita na Europa, com difusão de mensagens de ódio a judeus e a outras minorias.
No caso alemão, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), tornou-se o principal partido da oposição. Apesar de oficialmente recusar ter uma perspetiva antissemita, vários dos seus dirigentes têm sido criticados por declarações que menosprezam o Holocausto ou exaltam o passado nazi do país. Além de terem uma política extremamente dura contra minorias e imigrantes.
O anúncio do governo alemão surge um dia depois do ministro do Interior francês, Christophe Castaner, ter anunciado que os crimes antissemitas cresceram 74% em França em 2018. “O antissemitismo está a espalhar-se como veneno”, garantiu o ministro, durante a sua visita a um subúrbio de Paris, onde uma árvore, plantada em memória de um jovem judeu torturado até à morte, tinha sido cortada.