Venezuela. Reforço da fronteira com a chegada da ajuda humanitária

Venezuela. Reforço da fronteira com a chegada da ajuda humanitária


Maduro escreveu à OPEP a pedir ajuda, ao mesmo tempo que uma delegação da oposição se reunia com representantes do Vaticano


O governo venezuelano mandou reforçar a presença militar na fronteira com a Colômbia, numa altura em que começou a chegar cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta a primeira ajuda humanitária destinada à Venezuela. O presidente Nicolás Maduro recusa-se a receber esse auxílio humanitário por considerar que o mesmo é o princípio de uma invasão militar estrangeira, liderada pelos Estados Unidos, para o depor e colocar no seu lugar Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino.

“Temos presença reforçada em toda a fronteira, não pelo show da ajuda humanitária (…), mas pelos delitos que se cometem em todos os males que vêm da República da Colômbia”, afirmou o ministro da Defesa, Vladimir Padrino.

O presidente da Colômbia, Iván Duque, estará nos Estados Unidos a partir desta quarta-feira em visita oficial, em que será recebido por Donald Trump na Casa Branca e se reunirá com vários organismos multilaterais. Uma viagem que serve de exemplo argumentativo para Maduro demonstrar o porquê do seu reforço da fronteira com a Colômbia.

Ao mesmo tempo, de acordo com a Reuters, o presidente venezuelano escreveu à Organização dos Países Exportadores de petróleo (OPEP) com um pedido de ajuda para ultrapassar as sanções impostas pelos Estados Unidos. Maduro cita como argumentos da sua causa na missiva o impacto nos preços internacionais do petróleo e o potencial risco para os outros membros. Argumentos que aparentemente caíram em saco roto, já que a organização, de que a Venezuela é um dos países fundadores, declinou emitir qualquer declaração formal, salientando que a OPEP se preocupa com a política do petróleo e não com a política em geral.

A oposição venezuelana procura cativar a Itália (com grande comunidade na Venezuela) e o Vaticano para a sua causa, com uma delegação de Guaidó a encontrar-se com membros da Santa Sé no Vaticano e com membros do governo italiano em Roma.

“Estamos em Itália para conseguir maior apoio para o nosso presidente Juan Guaidó”, escreveu Antonio Ledezma, antigo presidente da Câmara de Caracas, que chefia a delegação, juntamente com o presidente da comissão de negócios estrangeiros da Assembleia Nacional venezuelana. “As coisas estão a correr bem, mas precisamos de concluir isto com uma vitória”, acrescentou.

O papa Francisco já se mostrou disponível para mediar o diálogo entre o governo e a oposição, se para tal for solicitado. Maduro já se mostrou disponível para aceitar a intermediação do sumo pontífice, ao contrário do entorno de Guaidó, que refere sempre outras oportunidades de diálogo para as quais estiveram disponíveis e das quais sairão com as mãos a abanar.

Ajuda do lado brasileiro Nem só na Colômbia há atividade para canalizar a ajuda humanitária para a Venezuela, também no Brasil um centro logístico de gestão desse auxílio vai ser montado, provavelmente ainda esta semana, na cidade fronteiriça de Roraima.

“O governo do Brasil se comprometeu com o presidente interino, Juan Guaidó, para dar-nos todo o apoio possível para o estabelecimento, talvez ao final desta semana, de um centro de ajuda humanitária e de um centro de distribuição, para fazer chegar aos venezuelanos a ajuda humanitária que estão necessitando”, referiu María Teresa Belandria, representante diplomática da oposição junto do governo do Brasil. Belandria reuniu-se esta segunda-feira com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, juntamente com o deputado Lester Toledo, que coordena do lado da oposição o envio de ajuda humanitária para a Venezuela.