Novo aeroporto, nova realidade para o mercado imobiliário da Margem Sul. Os preços das casas têm vindo a aumentar e a tendência é para continuarem a subir, admitem ao i vários especialistas do setor. Ainda assim, os valores que estão a ser cobrados em concelhos como o Montijo estão longe dos preços praticados em Lisboa. Nesta zona que, ao que tudo indica, irá receber a nova infraestrutura aeroportuária, o preço por metro quadrado já varia entre os mil e os 1200 euros, acima da média nacional, que ronda os 984 euros, mas ainda longe da média da capital, que está em 2877 euros por metro quadrado.
O administrador da Century 21 garante que o aumento da procura neste concelho se deve não só à escolha desta localização para a construção do novo aeroporto, mas também ao aumento do preço dos imóveis na Área Metropolitana de Lisboa (AML), que tem vindo a provocar uma deslocalização da procura para outras zonas alternativas. “Já há algum tempo que os preços dos imóveis têm vindo a subir nesta região. Contudo, a previsão de construção do novo aeroporto trouxe uma maior visibilidade ao concelho do Montijo; logo, os preços dos imóveis estão a refletir esse aumento de atratividade da zona”, diz ao i Ricardo Sousa.
A opinião é partilhada pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). “A perspetiva de um novo aeroporto incentiva o aumento da procura, até motivada pela criação de emprego e aumento das ligações fluviais e terrestres entre o Montijo e Lisboa, e, em consequência, uma maior valorização dos imóveis nas mediações, sendo até expetável um aumento da construção naquela região”, afirma ao i Luís Lima, presidente da associação.
O responsável lembra que, como se tem assistido a um aumento da oferta neste concelho, “vai continuar a haver quem queira investir na construção naquela zona, aproveitando as oportunidades de negócio que surgem com o crescente interesse da procura”.
E este aumento da procura não se limita ao mercado de habitação. Ao i, fonte oficial da RE/MAX admite que “tem ocorrido uma procura de produtos específicos destinados a espaços de logística, hotelaria e alguns serviços orientados para fornecer o futuro equipamento aeroportuário”. No entanto, a mediadora chama a atenção para o facto de existirem algumas limitações nas tipologias no mercado de habitação, garantindo que são os T2 e os T3 que dominam a oferta.
“Estamos expetantes quanto ao aumento da procura e consequente ligeira subida de preços. Sente-se que ‘há algo’ no ar. A ser assim, será natural que aumentem ligeiramente os preços”, diz a RE/MAX, acrescentando que é sua convicção “que os preços médios já retificaram a enorme quebra que tiveram nos últimos anos (25% a 30%). O crescimento que se verificou não foi mais que uma correção do mercado face a essas quebras abruptas, mantendo-se agora a preços de há oito/nove anos.”
Subidas nas zonas envolventes E tal como acontece em Lisboa e no Porto, os responsáveis do setor garantem que também no Montijo, neste momento, a oferta não acompanha os níveis da procura, um fator que influencia a subida de preços dos imóveis. “Tendo em conta que o Montijo já se apresenta como um concelho em franca expansão, é estimado um aumento do valor por metro quadrado”, alerta ao i o administrador da Century 21.
O responsável acredita que as alterações não ficam por aqui. Também as zonas envolventes ao concelho do Montijo “terão um desenvolvimento similar e a elevada procura irá refletir-se igualmente nos concelhos limítrofes”.
Esta opinião é partilhada por Luís Lima. “É natural que o stock comece a reduzir-se e, havendo cada vez menos stock, a procura distribuir-se-á pelas zonas envolventes, onde ainda haja oferta e a preços mais acessíveis”, diz ao i.
Alcochete é, segundo a RE/MAX, uma zona com grande procura e muita oferta. “Além dos imóveis usados, começa um pouco por toda a zona (Alcochete e Montijo) a surgir construção nova para todos os tipos de bolsas. Existem empreendimentos de luxo, como construção mais em conta. Há uma aposta forte nas moradias e condomínios”, alerta.
O certo é que estas alterações já estão a ocorrer noutros concelhos da Margem Sul. E os números falam por si: de acordo com os últimos dados da Confidencial Imobiliário, em concelhos como Cascais, Seixal, Oeiras, Odivelas, Loures, Amadora, Almada e Mafra entraram em carteira entre 500 e 1000 casas no ano passado. Se juntarmos os licenciamentos destes oito concelhos, facilmente se conclui que há mais pedidos para construir casas na periferia do que dentro do concelho de Lisboa, onde entraram mais de 4100 unidades em carteira.
Luís Lima justifica: “Lisboa não consegue crescer, não há terrenos nas zonas que as pessoas mais querem, os preços estão elevados e a Margem Sul é cada vez mais uma zona de eleição. E com a questão do aeroporto do outro lado da ponte, ainda pode potenciar mais.” O presidente não tem dúvidas. Na Grande Lisboa, a Margem Sul é a zona com maior potencial para crescer.