Nicolás Maduro é um homem vulgar que chegou ao cargo de presidente por ser uma espécie de dama de honor de Hugo Chávez, um líder louco, mas carismático. Maduro não tem carisma, nem a visão do ditador a quem sucedeu, mas com o apoio dos generais vai conseguindo manter-se no poder, levando o seu povo à miséria extrema. Não é por isso que defendo uma intervenção externa, pois acho que os povos têm de resolver os seus problemas internamente. Mas o que se está a passar na Venezuela começa a ultrapassar os limites do razoável, já que Maduro impede a entrada de ajuda humanitária. Um país onde a população passa fome e não tem medicamentos precisa urgentemente de ajuda.
A União Europeia e o Papa, por exemplo, têm de conseguir mediar este conflito e arranjar forma de a ajuda humanitária chegar onde faz falta. Não é mais possível ver crianças desnutridas e sem acesso a cuidados de saúde não serem ajudadas por causa das diatribes do pequeno déspota. Neste fim de semana, Andrés Malamud, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, deu uma excelente entrevista ao “Negócios” onde apontava a principal razão para Maduro se manter no poder: dizia o argentino que, na Venezuela, os generais – dois mil, mais do que os EUA têm – têm acesso ao “dinheiro do petróleo, das comidas, das divisas e da droga. Há um general das fraldas, um dos feijões, um do papel higiénico” e por aí fora. Malamud explicava que o caminho é “comprar” esses generais para que estes possibilitem a realização de eleições livres no país. É uma solução radical, mas todos sabemos que num país miserável, em vias de uma guerra civil, o melhor mesmo é ir pelo mal menor. Quantos países não acabaram a guerra depois de os militares do lado mais frágil serem comprados? Doutra forma, como aceitariam a paz sem serem derrotados definitivamente? Só sendo comprados é que os “donos” da guerra aceitam depor as armas.