Bitcoin. O bom e o mau dos dez anos da moeda virtual

Bitcoin. O bom e o mau dos dez anos da moeda virtual


Embora tenha agitado os mercados financeiros, especialistas alertam para problemas de segurança e falta de apoio e transparência 


As bitcoin estão de parabéns. Passado uma década, especialistas afirmam que embora estas ‘moedas’ tenham revolucionado o sistema financeiro e tragam consigo maior rapidez e baixos custos, há ainda alguns pontos a melhorar. Em declarações à agência Lusa, estes apontaram a falta de transparência e do apoio institucional e o uso para atividades criminosas como principais pontos negativos. 

Segundo Pedro Lino, economista da Dif Broker, as bitcoin vieram acordar o sistema financeiro para uma “possível revolução nos meios de pagamento”, uma vez que esta nova forma de pagamento têm como principais vantagens a “rapidez, a privacidade, o funcionamento 24 horas, os custos baixos e o limite de moedas em circulação”. No entanto, nem tudo são coisas boas. A privacidade pode trazer efeitos menos positivos, “uma vez que atrai atividade criminosa, como os pedidos de resgate ou o pagamento de materiais perigosos, como forma de sair da supervisão do sistema financeiro”, explicou Pedro Lino.

Durante estes dez anos, estas “ultrapassaram uma das primeiras grandes barreiras, que é a da notoriedade”, destacou o economista da Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia, uma vez que, embora ainda muita gente não saiba o que é, já ouviu falar. Para combater este problema é preciso que governos, bancos centras e supervisores apoiem esta tipo de pagamento. Mas o economista deixou o aviso: “poderá nunca chegar, tendo em conta que parte do que a ‘bitcoin’ propõe coloca-se precisamente como alternativa aos Estados e aos sistemas centralizados”, uma vez que estes estão a desenvolver as suas próprias criptomoedas. 

O futuro

Pedro Lino acredita que esta não seja a moeda do futuro e afirmou que ser mais provável que empresas como a Alibaba, Amazon ou Google ganhem espaço no mercado de pagamentos. A tendência é de queda e só a aceitação por parte dos bancos de que este poderá vir a ser um meio de pagamento alternativo poderá mudar a tendência. Deixando ainda claro que esta não é mais barata ou eficienta forma de pagamento. Há ainda quem aponte a necessidade de saber o valor justo da bitcoin. 

Os maiores fãs da bitcoin

“São os mais jovens que têm o maior número de contas”, explicou Pedro Lino. Segundo um estou da Global Bochechai Cônsul este explica que quase 60% das pessoas com contas têm idades compreendidas entre os 18 e os 34 anos e 71% do total de 24 milhões de contas existentes pertencem a pessoas do sexo masculino. Apenas 3% têm entre 55 e 65 anos. 
A razão parece simples:” o facto de a população mais jovem procurar meios de pagamento digitais, rápidos, baratos e com independência do sistema financeiro fez disparar a utilização da bitcoin”.
Em Portugal, os números indicam que o padrão se mantém e que, maior parte dos utilizadores com contas tiraram ou estão a tirar cursos ou carreira profissional ligada à área tecnológica. 

O que é esta moeda virtual? 

A bitcoin é uma moeda virtual e qualquer pessoa pode fazê-las, desde que tenha ‘hardware’ e ‘software’ específicos de processamento que permite gerar pequenas quantias da moeda através de algoritmos, num processo que se chama mineração. Mas a melhor opção para adquirir as moedas virtuais será através da utilização de plataformas de negociação e adquiri-las com dinheiro convencional (euro). Depois, a moeda é guardada numa carteira digital, à qual apenas o titular consegue aceder. Assim, pode enviar bitcoins para qualquer pessoa, pagar bens ou serviços em lojas online ou vendê-las em plataformas de intercâmbio, transformando-as em “dinheiro vivo”. Atualmente até já existem multibancos de bitcoins, que permitem aos utilizadores comprar ou vender estas moedas rapidamente.