É inédito. Os sete espetáculos de André Rieu na Altice Arena, nos dias 13, 14, 15, 16, 29, 30 e 31 de março estão esgotados. Doze mil pessoas por noite pagaram entre 40 a 120 euros para ouvir o violinista do povo.
A procura foi tanta que obrigou a marcar uma oitava noite a 20 de novembro. E pode não ficar por aqui. “Volto a 20 de novembro para um concerto, talvez dois, talvez três…Estou muito contente de cá estar e de anunciar que vou voltar”, anunciou em conferência de imprensa em Lisboa esta semana.
Nos pontos oficiais (FNAC, Blueticket), bilhetes só para o concerto final de novembro mas, além dos grupos de compra e venda no Facebook, em sites como Viagogo, que aliás surge no topo das pesquisas do Google, e StubHub, há ingressos a preços que podem atingir os 230 euros. No entanto, a Deco desaconselha o recurso a estas plataforma que se movem na zona cinzenta da lei.
“Durante a fase inicial de compra, o site refere que o valor do bilhete não engloba taxas ou IVA. Mas, à medida que os campos obrigatórios são preenchidos, a informação sobre os custos surge na lateral esquerda do site, embora de forma pouco percetível. Os termos e condições do Viagogo referem que esses extras serão adicionados à autorização de pagamento do cartão de crédito. Porém, como não especifica os montantes a cobrar, o consumidor só se apercebe do valor total da compra depois de ter autorizado o pagamento”, explica um artigo de 6 de dezembro do ano passado, publicado após “cerca de 100 queixas [no Viagogo] (…) por causa da cobrança de custos pouco claros”. Por isso, refere a defesa do consumidor, “é difícil apresentar uma reclamação contra o Viagogo. Com sede na Suíça, o site escapa à jurisdição da União Europeia. Responde apenas às leis desse país e impõe a jurisdição suíça a todos os compradores. Não é possível recorrer à Plataforma de Resolução de Litígios em Linha – site da Comissão Europeia que ajuda a resolver problemas deste tipo. Também está fora de questão pedir ajuda ao Centro Europeu do Consumidor, que pertence a uma rede europeia que presta assistência a conflitos de consumo nos países da União Europeia, na Islândia e na Noruega”. Contactada pelo i, a Ritmos & Blues, promotora responsável pela organização dos espetáculos, não fez qualquer comentário à venda paralela de bilhetes. E à exceção de 31 de março, dos sete concertos que se avizinham seis têm um aviso a vermelho de “restam apenas alguns ingressos”.
Na extensa digressão europeia de André Rieu, que começou ontem em Dortmund, na Alemanha, e termina a 21 de julho, na Holanda, os preços não oscilam muito entre os 40 e os 120 euros praticados para Lisboa.
A maratona de concertos de março faz de André Rieu um recordista absoluto na Altice Arena (ex-Pavilhão Atlântico e MEO Arena). Nem os autocarros de Tony Carreira, nem o calhambeque de Roberto Carlos, o muro de Roger Waters, a chuva de Adele, a pirotecnia dos Muse, a alegria de Bruno Mars, a melancolia dos Coldplay ou as memórias dos U2 despertaram uma corrida tão ávida aos bilhetes, embora no caso de André Rieu a plateia seja reduzida de 18 para 12 mil devido aos lugares serem sentados. A produção do espetáculo é ambiciosa. Em palco com o violinista estará uma orquestra com “cerca de 60 músicos, de 13 nacionalidades, dez elementos de um coro e seis solistas”, referiu na conferência de imprensa. André Rieu é solista e diretor musical, e ainda o responsável pelo guarda-roupa.
Além de abrir o coração, André Rieu mostra os dentes, entre valsas vienenses e peças de música ligeira para empolgar multidões. “Há muitas piadas [no espetáculo]”, antecipou, defendendo que “não há humor suficiente no mundo, na vida”. Para o músico “pode resolver-se tantos problemas com humor”. E com amor. “Viajamos pelo mundo [Rieu e Orquestra] porque abrimos o coração e esperamos que as pessoas abram o seu coração”. Mas primeiro há que abrir a carteira.