A última semana foi fértil em depressões. Depressões atmosféricas, a Gabriel e a Helena, tendo esta atingido Portugal com tal ferocidade que deixou a Gabriel envergonhada. Depressões políticas, sendo a mais danosa, porque propiciadora de alarme social, a saga da Caixa Geral de Depósitos (CGD), não desprezando as sequelas dos grandes incêndios de 2017 e 2018 que, transbordando dos ingentes danos pessoais e patrimoniais conhecidos, arrastam novas suspeitas de aproveitamento ilícito, umas, e de incúria institucional, outras, com culpas cruzadas, face ao descaso a que foram entregues as vítimas. Enfim, um emaranhado de acusações e insinuações bastantes para engendrar um estado de pré- -depressão social. Haja dó!
Bom, naquele dia estava prevista a passagem da depressão Gabriel, o que punha interrogação na viagem programada. Porém, além de forrar o céu com um capacete de chumbo, a Gabriel não se revelou muito implicativa. E toca de rumar a Águeda, a cidade dos guarda- -chuvas coloridos: The Umbrella Sky que anima as ruas durante o verão e cuja imagem já correu mundo. O casco urbano de Águeda percorre-se, em passo demorado, em menos de uma hora. Nesta altura, os guarda-chuvas pendurados não estão lá, mas nem por isso estão ausentes: há por todo o lado candeeiros da iluminação pública que têm na base coloridos guarda-chuvas gigantes; outros há (candeeiros) com as hastes coloridas a combinar com os bancos de jardim, também eles coloridamente pintados. E até se podem ver ruas e jardins com anteparos garridos em forma de bicicletas. E ainda expressivas e graciosas pinturas nas paredes de torres e de edifícios. Aqui leva-se a arte urbana a sério! A ida à aldeia típica de Macieira de Alcôba ficou comprometida pela chuvada que entretanto começou a cair, tarde adentro, mas não perderá pela demora; é de visitar. Outro tanto aconteceu com a estada na Pateira de Fermentelos, a maior lagoa natural da península Ibérica, verdadeiro santuário da natureza. A chuva apressou a saída e tornou incómodo o deambular pelas margens ou pelos passadiços. Mas mesmo tendo à vista céu e água pintados de cinzento, penetra-nos a beleza do lugar e uma agradável sensação de serenidade nos invade. Os ramos das árvores despidas baloiçam ao sabor do vento fraco, aves solitárias ou em pequenos bandos rasam a lagoa, e só se ouve o marulhar da ramagem e da água a ecoar pelo ar da tarde que se adensa. Um caso a explorar, esta pequena Águeda!
Voltando à CGD, a semana terminaria com a entrega na Assembleia da República, por Paulo Macedo, da versão final, fanada, da propalada auditoria à gestão do banco público no período 2000- -2015. Na véspera houvera acordo para a constituição de nova comissão parlamentar de inquérito (CPI) à CGD, a terceira! Que houve má gestão, não restam dúvidas. Se houve dolo, compete ao poder judicial averiguar e sancionar e, sabe-se, já corre processo de investigação no Ministério Público – alea jacta est! A CPI vai escabulhar a responsabilidade política, já apurada, diga-se em abono da verdade. Estão sob escrutínio os anos de governação, e de nomeação dos gestores da CGD, dos até ao governo da geringonça chamados partidos do arco da governação. Que há de novo?! Eleições à vista… Alea jacta est.
Gestora
Escreve quinzenalmente,
sem adopção das regras do acordo
ortográfico de 1990