Belém. Marcelo obrigado a explicar visita ao Bairro da Jamaica

Belém. Marcelo obrigado a explicar visita ao Bairro da Jamaica


A visita foi discreta, mas não evitou a polémica. Presidente da República foi acusado de desprezar a polícia e a segurança do país


A visita do Presidente da República ao Bairro da Jamaica foi feita com alguma discrição, mas nem isso evitou a polémica. Marcelo Rebelo de Sousa foi duramente criticado pela polícia e viu-se mesmo obrigado a explicar o que o levou ao bairro que se tornou conhecido do país devido aos incidentes entre a polícia e os moradores. 

Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), escreveu, nas redes sociais, que Marcelo Rebelo de Sousa está a “menosprezar quem produz segurança no país” e lamentou nunca ter ouvido “uma só palavra em favor” destes profissionais. “É sinónimo do desprezo completo que o Presidente da República tem pelos polícias e pela segurança do país”, acrescentou. 

Ao i, Paulo Rodrigues garantiu que esse é o sentimento geral dos polícias. O líder sindical da PSP considera que a visita ao Bairro da Jamaica nesta altura passa a ideia de que Marcelo Rebelo de Sousa “desvalorizou completamente as agressões” à polícia. “Desvalorizou o agente que ficou agredido. Passou a ideia de que está do lado daqueles que apedrejaram a polícia. Está do lado daquele cidadão que acabou por agredir o polícia. Tirou uma selfie com ele”, diz Paulo Rodrigues (ver entrevista ao lado). 

Marcelo não falou à comunicação social durante a visita, mas decidiu chamar os jornalistas depois das críticas da polícia. E respondeu diretamente às críticas dos polícias por ter aparecido numa fotografia ao lado de “um cidadão que agrediu a polícia”.

O Presidente da República explicou que quando anda na rua em contacto com os portugueses não pede “o cadastro criminal, o cadastro fiscal nem o cadastro moral para falar com eles ou tirar selfies”. 

Marcelo disse que fez uma visita ao Bairro da Jamaica para verificar as condições sociais e o projeto de realojamento e está convicto de que “os portugueses percebem perfeitamente o que é que o Presidente lá foi fazer”. Marcelo alertou que é preciso combater um “clima de guerra racial” e rejeitou comportamentos que possam criar “um empolamento artificial na sociedade portuguesa e um conflito racial que é uma porta aberta à xenofobia e ao radicalismo”.

Bloco ao lado de Marcelo O Bloco de Esquerda defendeu o Presidente da República. O líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, argumentou que “não há nenhum território dentro do espaço nacional que esteja vedado ao Presidente da República ou que seja excluído da República, e por isso nós achamos muito bem que o senhor Presidente da República tenha ido ao Bairro da Jamaica exatamente dando essa demonstração”.

Assunção Cristas preferiu não comentar a agenda do Presidente da República, mas não deixou de referir a importância das forças de segurança. “Para todos sermos livres temos de ter segurança, nas cidades, nos bairros, sejam eles mais carenciados ou mais privilegiados. E quem nos garante essa segurança, de facto, são as forças da policia”, afirmou a presidente do CDS, depois de ter visitado o Centro Juvenil e Comunitário Padre Amadeu Pinto, em Almada, que apoia crianças e jovens.

Do lado dos socialistas também se ouviram elogios à iniciativa do chefe do Estado. “Felicito mais uma vez o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pela sua ida ao Bairro da Jamaica, no Seixal. E pela forma excelente como fez essa visita”, escreveu, nas redes sociais, o deputado socialista João Soares. 

“É incompreensível” A líder centrista defendeu que “é incompreensível que a câmara comunista do Seixal não tenha conseguido resolver o problema do bairro”. Cristas foi questionada sobre se pretende visitar o Bairro da Jamaica e garantiu que não coloca de lado essa hipótese, embora não esteja prevista. Santana Lopes foi, até agora, o único líder a visitar aquele bairro depois dos incidentes entre a polícia e os moradores.