Operação Marquês. Vara admite ter cometido fraude fiscal e branqueamento de capitais

Operação Marquês. Vara admite ter cometido fraude fiscal e branqueamento de capitais


Ex-administrador da CGD foi hoje ouvido


Armando Vara admitiu esta terça-feira ter cometido dois crimes: ao que o i apurou, em causa estão os crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Durante o interrogatório, que durou quase duas horas e meia, o antigo ministro confessou ter recebido montantes como consultor que não declarou, escondendo-os numa conta na Suíça, em nome da offshore Vama Holdings.

Vara – que está acusado no âmbito da Operação Marquês de um crime de corrupção passiva em regime de co-autoria com José Sócrates, de dois crimes de fraude fiscal qualificada e de dois crimes de branqueamento de capitais – admitiu também ter praticado este último tipo de crime. Ao que o i apurou, em causa está a permuta da casa da sua filha, Bárbara Vara. O Ministério Público (MP) acredita que esta foi a forma que o antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD) arranjou para começar a branquear as contrapartidas guardadas na Suíça. Estas diziam respeito à viabilização de um empréstimo de mais de 280 milhões de euros concedido pelo banco público a investidores que pretendiam adquirir o empreendimento de luxo Vale do Lobo.

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Em setembro de 2009, Bárbara Vara efetuou uma escritura de permuta de imóveis, com a sociedade Portbuilding Investimentos. Em novembro, a mesma casa é vendida pelo mesmo valor – 390 mil euros – à sociedade Citywide. Esta tem como única sócia a sociedade Desrel – o MP afirma que o dinheiro que chega à Desrel provém da Vama Holdings. Para efetuar a compra, é dado um sinal de 290 mil euros, ou seja, 75% do valor total do imóvel. Os restantes 100 mil foram pagos na altura da escritura.

Recorde-se que Armando Vara tinha sido chamado como testemunha pela sua filha, mas a partir do momento em que é arguido e se disponibilizou para falar, o juiz pode questioná-lo sobre o que consta na acusação.

À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, o advogado do ex-ministro, Tiago Rodrigues Bastos, explicou que o seu cliente respondeu a todas as questões que foram colocadas e admitiu estar disponível para pagar as dívidas fiscais: "Ele já assumiu que há um problema fiscal e admite pagar o que tem a pagar em termos de impostos", disse aos jornalistas.